Fonte: CNN Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 28/08/2025
Se a história do etanol começou como uma resposta à crise do petróleo, hoje essa fonte de energia limpa se consolida como parte essencial do processo de transição energética tanto na cidade quanto no campo.
Protagonista na construção de um modelo único de mobilidade mais limpa, acessível e escalável no Brasil, o etanol está presente em todos os tanques de veículos leves e da frota urbana circulante em todo o país – seja nos que usam esse biocombustível ou naqueles que abastecem com gasolina, uma vez que esta conta em sua composição com até 30% de etanol anidro.
De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) 2024, divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME), depois do óleo diesel e da gasolina, o etanol é o terceiro combustível mais consumido no setor de transportes, com 17,3% de participação. O balanço aponta ainda um avanço de 6% em relação ao ano anterior.
Esse combustível é hoje o principal vetor de elevação do percentual de energia renovável no setor de transporte, que chegou a 22,5% em 2023, segundo a EPE.
Avanços também no campo
Além de abastecer veículos leves e frotas urbanas pelo país, o etanol faz diferença também no campo. “A transição energética está diretamente ligada à mecanização sustentável, em todos os sistemas de produção, incluindo o setor sucroenergético”, afirma Alfredo Miguel Neto, diretor de assuntos corporativos, comunicação e cidadania da John Deere para América Latina. A empresa é pioneira no desenvolvimento de tratores movidos a etanol, com o lançamento do primeiro modelo no começo deste ano.
Um trator movido a etanol é mais um passo para alargar as contribuições que o campo já oferece no processo de diminuição das emissões de CO₂.
RenovaBio e os CBIOs
O setor avança com consistência nesse terreno, sobretudo apoiado em mecanismos de descarbonização como os propostos pelo RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis, instituída pela Lei nº 13.576/2017. O Brasil conta hoje com o maior programa de incentivo à descarbonização de combustíveis fósseis do mundo, que tem como objetivo reduzir a intensidade de carbono da matriz de transportes, ampliar o uso de biocombustíveis e criar um mercado estruturado de créditos de carbono.
Um dos mecanismos de incentivo criados pelo RenovaBio são os CBIOs (Créditos de Descarbonização), que reconhecem e remuneram ambientalmente os produtores de biocombustível com melhor desempenho em sustentabilidade. Cada CBIO equivale a uma tonelada de carbono evitado na atmosfera.
Para emitir CBIOs, o produtor deve se credenciar junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e passar por uma auditoria da pegada de carbono de seu processo produtivo, realizada por empresa credenciada pela Agência. Só depois desse processo os créditos podem ser emitidos a partir da comercialização da produção.
É importante destacar que as distribuidoras de combustíveis fósseis têm obrigação legal de adquirir CBIOs, em metas anuais estabelecidas pelo programa. Além disso, há espaço para o mercado voluntário, onde pessoas físicas e jurídicas podem comprar créditos na bolsa de valores (B3) para neutralizar suas próprias emissões de CO₂.
Toneladas de CO₂ evitadas
As usinas associadas à Copersucar, por exemplo, emitiram 6 milhões de CBIOs na safra de 2024/2025 – o equivalente a 6 milhões de toneladas de CO₂ evitadas. O resultado representa um aumento de 16% em relação à safra anterior, demonstrando a evolução da produção sustentável.
Além disso, com o etanol que comercializa, o ecossistema Copersucar evita a emissão de 26 milhões de toneladas de CO₂ por ano – número equivalente ao que emite um terço da frota de automóveis do Brasil rodando a gasolina.
“Nosso papel é conectar as usinas produtoras de etanol a distribuidores e mercados internacionais, com rastreabilidade e certificação. Mais do que comercializar, viabilizamos um modelo energético que alia escala, segurança de abastecimento e compromisso com o clima”, afirma Priscilla Cortezze, diretora de comunicação e sustentabilidade da Copersucar.