Fonte: Uol | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 02/05/2025
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão hoje após a divulgação da investigação da PF e da CGU que revelou um golpe de até R$ 6,3 bilhões com entidades de classes suspeitas de cobrarem ‘mensalidades associativas’ sem autorização.
Mas como aposentados ou pensionistas podem saber se perderam dinheiro na fraude? E como pedir o ressarcimento? Veja o passo a passo abaixo.
Como descobrir se perdi dinheiro?
Para saber se teve algum valor descontado, o aposentado ou pensionista precisa verificar o extrato do INSS. Veja abaixo como fazer:
- Acesse o app ou site Meu INSS e faça o login com CPF e senha do gov.br;

- Na página principal, clique em “Extrato de pagamento de benefício”;

- Clique sobre o número do benefício;
- Na sequência vai ser mostrado o extrato;
- Ali, busque por descontos de mensalidades associativas – pode aparecer como ‘débito associação’ ou ‘mensalidade associativa’;
- Amplie a busca e consulte os extratos entre 2019 e 2024.
Como pedir a exclusão do desconto?
Ao identificar a irregularidade, é possível excluir a adesão à mensalidade associativa também pelo app. Veja o passo a passo:
- Acesse o Meu INSS com login e senha.

- No campo de busca (onde tem a lupa) escreva “mensalidade associativa”.

- Vão aparecer opções, selecione excluir mensalidade de associação ou sindicato no benefício.
- Clique em Atualizar para conferir e atualizar seus dados, se necessário. Após atualizar os dados, selecione Avançar.

- Leia as instruções e escolha Avançar;
- Informe os dados solicitados e clique em Avançar;
- Anexe os documentos (se for necessário) e vá em Avança;
- Selecione a agência de relacionamento com o INSS e escolha Avançar;
- Confira os dados informados no requerimento e clique em “Declaro que li e concordo com as informações acima”. Logo após, clique em Avançar.
O serviço também pode ser solicitado pela Central 135, assim como diretamente às entidades associativas.
Como bloquear?
Para evitar futuros descontos, é possível pedir o bloqueio do benefício para mensalidade associativa. Veja como fazer:
- No Meu INSS, acesse a opção “solicitar bloqueio ou desbloqueio de mensalidade”;
- Faça login com CPF e senha do Gov.br;
- Siga as instruções para confirmar o bloqueio;
“Esse procedimento atua como um pré-cadastro que impede novas autorizações de desconto sem o consentimento expresso do titular.” – Gisele Kravchychyn, presidente do IBDP
Outros caminhos
Também é possível fazer uma reclamação no Portal do Consumidor. Veja como:
- Acesse www.consumidor.gov.br;

2. Registre reclamação contra a entidade responsável pelo desconto;

- Solicite expressamente o ressarcimento dos valores indevidamente debitados.
O aposentado ou pensionista ainda pode processar a entidade. Segundo a especialista, é possível “ingressar com ação judicial visando o ressarcimento dos valores descontados indevidamente e também pode pleitear eventual indenização por danos morais, conforme os prejuízos sofridos e as provas apresentadas”, explica.
O esquema e a omissão
- Associações e entidades faziam descontos na folha de pagamento de beneficiários do INSS. Existia a obrigação de autorização por parte dos aposentados e pensionistas, mas esta premissa não estaria sendo respeitada conforme a PF.
- Auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) identificou irregularidades. Foram avaliadas 29 entidades e verificado que algumas não tinham condições de entregar as contrapartidas prometidas: descontos em academias, convênios com planos de saúde, apoio jurídico e auxílio funerário.
- De acordo com a investigação, 11 associações participavam do esquema. A CGU fez uma análise por amostra e questionou 1.300 casos. Em 97% deles, os aposentados responderam que não autorizaram o desconto.
- Atas de reuniões sugeriram omissão de Lupi. Os documentos mostram que o ministro foi alertado em 12 de junho de 2023. Ele se recusou a abordar o assunto naquele momento. Embora tenha registrado que a denúncia era grave, alegou que não havia como averiguar o caso de forma imediata porque se tratavam de 6 milhões de beneficiários.
- A primeira providência só foi tomada em março do ano seguinte, nove meses depois. O governo publicou novas regras, mas o presidente do INSS agiu para providenciar brechas para os descontos serem mantidos.