Estudo revela ligação entre higiene bucal e enxaqueca em mulheres

Fonte: Correio Braziliense| Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 14/04/2025

Uma pior saúde bucal está relacionada ao maior número de agentes patológicos orais, o que pode aumentar as dores, conforme a pesquisa.

Mulheres com maus hábitos de higiene bucal estão mais propensas a ter enxaqueca e outras dores no corpo, de acordo com pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade de Sydnei, na Austrália. A equipe analisou dados de 158 mulheres não fumantes, sem diabetes ou doenças crônicas que moravam em Auckland, na Nova Zelândia, entre dezembro de 2021 e dezembro de 2022.

Os resultados do estudo demonstram que as mulheres com menores índices de saúde bucal apresentavam maior propensão a sofrer enxaquecas e dor no corpo no geral. Isso porque uma pior saúde bucal está relacionada ao maior número de agentes patológicos orais.

Por exemplo, a presença de bactérias do gênero Lancefieldella e a bactéria Mycoplasma salivarius, que está presente na boca de muitas pessoas e geralmente é considerada “inofensiva”, foram associadas à enxaqueca.

“Os baixos valores de saúde oral correlacionaram-se com valores mais elevados de dor. Ambos foram associados a uma maior abundância relativa de agentes patogênicos orais. Isto sugere um papel potencial para o microbiota oral na etiologia da dor sentida pelas mulheres com enxaqueca e dor abdominal e corporal. Estes resultados levam a considerar a existência de um eixo microbioma oral-sistema nervoso”, afirmam os cientistas na pesquisa.

Saúde bucal em mulheres

Ao Correio, a dentista e coordenadora do curso de Odontologia da Faculdade Aria, Maria Leticia Bucchianeri, explica que a saúde bucal das mulheres está sujeita a diversas alterações ao longo da vida. “Já na infância, os dentes nascem mais cedo nas meninas, o que as torna mais suscetíveis à doença cárie, uma vez que os dentes estão por mais tempo expostos aos fatores de risco desta doença. Na puberdade, ao longo dos ciclos menstruais, durante a gravidez, e no climatério e menopausa, as alterações hormonais tornam as mulheres mais vulneráveis a quadros de inflamação gengival e até de doenças periodontais”, esclarece.

Além disso, os hormônios femininos influenciam na microbiota que coloniza a placa bacteriana, uma camada pegajosa e incolor constituída por bactérias, saliva e partícula de alimentos que se forma sobre os dentes.

“As flutuações hormonais a que as mulheres são submetidas ao longo de sua vida podem influenciar o equilíbrio da microbiota, ora permitindo que a placa bacteriana seja colonizada por bactérias mais patogênicas (“agressivas”), ora fazendo que nosso sistema imunológico responda de uma maneira mais exacerbada frente à presença da placa bacteriana, causando quadros mais intensos de inflamação gengival”, expõe a profissional.