Hidroginástica, natação e deep water: por que exercícios na água são indicados na terceira idade

Fonte: Gauchazh | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 05/02/2025 Atividades físicas contribuem para um envelhecimento saudável, estando intimamente ligadas à longevidade Após realizar tratamentos quimioterápicos e cirúrgicos devido a um câncer de mama, Denise Figueiredo, 69 anos, ainda sofria com dores como consequência da doença.  Em 2008, a médica veterinária aposentada foi orientada pelo oncologista a experimentar a hidroginástica em busca de alívio. Desde então, pratica o exercício aquático rigorosamente. Hoje, define como se sente em quatro palavras: — Perfeita, maravilhosa, saudável e feliz. Exercícios físicos são as medidas que mais trazem benefícios para um envelhecimento saudável, estando intimamente ligados à longevidade, afirma Virgílio Olsen, chefe do serviço de Geriatria da Santa Casa de Porto Alegre.  Os exercícios na água, especificamente, como hidroginástica e natação, estão entre os melhores para quem tem mais de 60 anos. Têm tanto um componente de força quanto aeróbico, sem o impacto de atividades como caminhada ou corrida. — O exercício na água retira esse impacto e é uma boa alternativa para que pessoas com problemas de artrose e dor crônica, por exemplo, mantenham-se ativas — explica Olsen. Menos risco de quedas Exercícios aquáticos trabalham as articulações dos idosos de maneira diferente, sendo mais controlados, além de garantir mais segurança, ao diminuir o risco de quedas, aponta Daniel Godoy, professor do setor de atividades aquáticas do Parque Esportivo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), também na Capital. Além da hidroginástica e da natação, Luiz Fernando Martins Kruel, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), recomenda o deep water, que consiste em exercícios realizados em piscina profunda, com a ajuda de um flutuador, sem impactos. A água proporciona um ambiente que melhora o conforto e a aderência aos exercícios, conforme o fundador e coordenador do Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas e Terrestres. O especialista também destaca que, embora a natação seja benéfica, a hidroginástica e o deep water têm como vantagem um aprendizado mais rápido. Ambos os exercícios são eficazes na melhoria da densidade óssea, sendo úteis na prevenção e no tratamento da osteoporose.  Além disso, contribui para o tratamento de doenças cardiometabólicas, como obesidade, dislipidemia (alteração de colesterol e triglicerídeos), pressão arterial, diabetes tipo 2 ou síndrome metabólica, segundo o pesquisador. O deep water, especificamente, também melhora o equilíbrio. — Para cada doença tem uma dose de exercício e uma intensidade — ressalta Kruel. Benefícios que se somam Olsen, da Santa Casa, afirma que “qualquer exercício é melhor do que nada”: — Para todo exercício que tem um acompanhamento de um profissional e uma rotina, os benefícios vão se somando e se tornando cada vez mais robustos. Há 17 anos, Denise tem sentido esses pontos positivos, com destaque para o reforço muscular e a resistência respiratória, ambos importantes para os idosos. Além da hidroginástica duas vezes por semana, sua rotina de atividades inclui musculação, de uma a duas vezes por semana, e dois dias de fisioterapia. Apesar de parecer “tranquila”, a hidroginástica cansa, garante a aposentada, que precisa dormir à tarde após o exercício, devido ao esforço. — Acho maravilhosa porque não se sente muito a resistência da água, mas ela trabalha bastante o corpo. Mesmo que se faça poucos movimentos, como no caso das pessoas que têm limitações, ainda assim é efetiva na musculatura — relata. Convívio em grupo Os exercícios aquáticos trazem diversas vantagens, segundo os especialistas, como benefícios cardiovasculares, metabólicos, respiratórios e diminuição de peso (veja lista ao final da reportagem). Godoy, da PUCRS, ressalta: — Isso tudo é fundamental para o público idoso. Até para a prevenção do Alzheimer e problemas de demência futura que podem vir a ter em função da idade. Há ainda benefícios de socialização, acrescenta Olsen: — Por meio do convívio em grupo, a hidroginástica oferece a oportunidade de continuar tendo um grupo de amigos nessa faixa etária. É o que Denise tem vivenciado há anos: — Criamos amizade, laços de afeto. Comemoramos juntos aniversários, Natal, Páscoa e Ano-Novo. Os laços ficam mais estreitos. Embora o exercício seja normalmente associado a pessoas de mais idade, a aposentada ressalta: — Não é uma turma de idosas, é de hidroginástica. Então, tem rapazes e moças também. Cuidados na hora de começar Os especialistas explicam que é preciso realizar uma revisão médica antes de começar a praticar uma atividade física, principalmente se a pessoa é sedentária ou não realiza atividade regular há algum tempo.  Estando em condições e com autorização do médico, a recomendação é começar devagar, com acompanhamento e orientação de um profissional. Olsen aconselha: — Deve ser algo que caiba na rotina, ou seja, perto de casa ou do trabalho, para que esse exercício seja de fato incorporado como uma atividade de médio e longo prazo. Alguns idosos desejam, por vezes, realizar exercícios sozinhos na piscina de casa, com o auxílio de conteúdos da internet, mas é preciso cuidado, pois podem não ser os mais indicados e agravar algum problema, aponta Godoy, da PUCRS. Os professores orientam os alunos para que haja a melhor ergonomia, com a intensidade correta e segurança, de modo a evitar lesões.

Os idosos viciados em redes sociais: ‘Desligamos o wi-fi da minha mãe’

Fonte: BBC Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 23/12/2024 Na casa da família de Ester, no interior de São Paulo, o wi-fi está desligado. A cuidadora de idosos de 38 anos e os irmãos também têm evitado mexer no celular quando estão reunidos. A decisão repentina da família de ficar offline é uma tentativa de trazer uma pessoa “de volta à vida real”: a mãe de Ester, que tem 74 anos. “Ela está muito viciada: leva o celular para o banheiro, dorme com o celular embaixo do travesseiro, não interage e não deixa a gente chegar perto do telefone dela. Parece uma criança”, diz Ester, que preferiu preservar o nome da mãe e o sobrenome da família para evitar constrangimentos. Em uma medida mais drástica, os filhos chegaram a tirar o chip do telefone da mãe, para cortar o acesso da idosa a dados móveis e que, assim, parasse de entrar no Facebook e TikTok. O caso da família paulista ilustra um fenômeno que tem aparecido em pesquisas recentes sobre danos causados pelo vício em celular — a chamada nomofobia, expressão que vem do inglês no mobile (sem celular). Ela não é considerada uma doença ou um transtorno, mas um conjunto de sintomas exacerbados nessa relação não saudável com os aparelhos eletrônicos. Em alguns casos, o medo de ficar sem celular pode deixar uma pessoa tão nervosa que ela pode suar demais ou ter taquicardia. O uso excessivo de telas é relacionado a uma piora da saúde mental, com sintomas de estresse, depressão e ansiedade, segundo pesquisas reunidas em um estudo realizado pela terapeuta ocupacional Renata Maria Santos em seu doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A principal surpresa para a pesquisadora, que acompanha pacientes no Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte, foi o impacto em idosos. “A gente imaginava que os idosos teriam uma aversão à tecnologia, pela dificuldade de mexer ou por um leve declínio cognitivo natural, que seriam uma barreira para um relacionamento positivo com esses aparelhos”, diz Santos, que analisou 142 artigos publicados sobre pesquisas que, reunidas, envolvem 2 milhões de pessoas no mundo. “Mas o que a gente encontrou é que as pessoas estão tão apegadas a ponto de desenvolver essa ansiedade generalizada de ficar desconectado [a nomofobia].” Ou seja, a dificuldade que muitos idosos relatam de lembrar de senhas, baixar algum programa ou conhecer os caminhos para acessar um site não tem sido mais uma barreira. Os especialistas com quem a BBC News Brasil conversou apontam que os celulares podem ser aliados importantes na melhoria da qualidade de vida de idosos (no contato com a família, por exemplo). Mas há alguns aspectos que deixam os idosos especialmente vulneráveis a uma possível dependência, como: Essas situações, somadas a algum declínio cognitivo e à falta de letramento digital, ainda podem levar os idosos a uma maior propensão a cair em golpes ou se viciar em jogos, explica a neuropsicóloga Cecília Galetti, especialista em gerontologia, a ciência que estuda o envelhecimento. “É como uma bola de neve. Um idoso isolado em casa e deprimido é mais vulnerável a um comportamento aditivo”, diz Galetti, que é colaboradora do Programa Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso da USP (Universidade de São Paulo). Além disso, “um dos critérios diagnósticos para identificar um vício em jogos, por exemplo, é saber se a pessoa aposta para fugir de um humor deprimido”. ‘Eu era viciada’ “Era como se o celular fosse parte de mim, e eu tinha que ficar perto dele o tempo inteiro. Senão, sentia que faltava alguma coisa.” O relato da aposentada Maria Aparecida Silva, de 70 anos, de São Paulo, remete ao momento que ela percebeu que tinha uma dependência, em 2021. O Brasil vivia ainda a pandemia de covid-19, e o celular passou a ser sua única conexão com o mundo exterior. Aparecida, que mora sozinha, lembra que “passou a levar o celular para a cama e não conseguia mais dormir”, além de “deixar de realizar tarefas domésticas para ficar conectada”. A aposentada passava maior parte do tempo no Facebook, um aplicativo que faz “um serviço muito bem feito para chamar nossa atenção”, conta. De fato, as redes sociais são habilidosas em contemplar a busca por “recompensas” do nosso cérebro. Temos centros neurais que reagem ao prazer — ao sexo, às drogas, a ganhar dinheiro em apostas —, e esperam que isso se repita várias vezes. Isso é conhecido como circuito de recompensa do cérebro, e é o mesmo mecanismo pelo qual uma pessoa se torna dependente de uma substância como o álcool. As redes sociais, em particular, sempre têm algo novo prazeroso a oferecer: uma foto, um vídeo, uma mensagem. Por isso, têm potencial aditivo. Especialmente nos idosos, a pesquisadora Renata Maria Santos explica que esse acesso exacerbado ao mundo digital tem causado um estado psíquico chamado hebefrenia, uma confusão mental que, nos grupos afetados, tem levado a um “comportamento de adolescente“. “Tenho percebido um aumento da preocupação com a validação dos pares, das compras por impulso na internet de coisas que não precisam e da busca por ideais de beleza”, diz Santos. “Em tese, são comportamentos que, pela idade, eles já teriam perdido, mas que agora tem voltado com as redes. E isso coloca os idosos em uma susceptibilidade parecida ao dos adolescentes. Eles querem se sentir inseridos.” As psicólogas com quem a BBC News Brasil conversou indicam alguns sinais que os familiares podem perceber sobre o uso não saudável do celular, como: Na avaliação da psicóloga Anna Lucia Spear King, fundadora do Instituto Delete, que promove uso consciente de tecnologias, a nomofobia ocorre, em geral, para “dar vazão a um transtorno de origem”, como compulsão, ansiedade, depressão ou síndrome do pânico. “Quando percebido o problema, o tratamento é no transtorno de origem que leva a essa dependência”, conta Spear King, que pesquisa dependência digital e é professora do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, as especialistas aconselham as famílias a estarem por perto dos idosos e incentivá-los a realizar atividades fora de casa. A aposentada Maria Aparecida Silva conta que conseguiu se sentir “livre” do celular ao fazer aulas

Gordura visceral pode ser prognóstico de Alzheimer 20 anos antes dos primeiros sintomas

Fonte: G1 | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/ G1 Data: 03/12/2024 Na reunião anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia (RSNA em inglês), que vai até o dia 5, pesquisadores apresentaram trabalho associando um determinado tipo de gordura corporal às proteínas encontradas no cérebro que são consideradas marcadores da Doença de Alzheimer – o mais interessante é que o quadro se manifestava 20 anos antes do surgimento dos primeiros sintomas de demência. “Conseguimos chegar a esse resultado porque investigamos a patologia do Alzheimer na meia-idade, entre os 40 e 50 anos, quando a doença está em estágios iniciais e modificações no estilo de vida, como perda de peso e redução de gordura visceral, são meios eficazes para prevenir ou retardar o começo da enfermidade”, afirmou a médica Mahsa Dolatshahi, pesquisadora de pós-doutorado e autora principal do estudo. Nos Estados Unidos, há quase sete milhões de pessoas, acima dos 65 anos, vivendo com a doença. No Brasil, a estimativa da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) é que sejam 1.7 milhão de pacientes acima dos 60 com algum tipo de demência – o Alzheimer corresponde a 55% dos casos. O estudo contou com 80 indivíduos sem qualquer alteração cognitiva, com idade média de 49 anos, sendo 62.5% deles mulheres. No grupo, 57.5% eram obesos e todos se submeteram a exames de sangue e de imagem do cérebro, além de ressonância magnética do abdômen, para medir o volume de gordura subcutânea – a que fica embaixo da pele – e gordura visceral, que se acumula na cavidade abdominal, entre os órgãos internos. Um maior nível da visceral estava relacionado ao aumento de placas de proteína amiloide, que se acumulam no cérebro e causam danos irreversíveis. “Os pacientes estavam na meia-idade, a décadas de exibir os primeiros sintomas de demência, mas já havia uma condição alterada”, disse Dolatshahi. O estudo também mostrou que um alto nível de resistência à insulina (que leva ao diabetes) e um baixo nível de HDL, um tipo de colesterol considerado benéfico à saúde, estavam atrelados às proteínas amiloide no cérebro. A doutora e seus colegas apresentaram ainda outra pesquisa, no mesmo encontro da entidade, revelando, através de imagens, que obesidade e gordura visceral diminuem o fluxo sanguíneo para o cérebro.

Dez dicas para aumentar a segurança financeira das mulheres

Fonte: G1| Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/G1 Data: 07/11/2024 Segundo pesquisa realizada nos Estados Unidos, o maior medo apontado por elas é viver além das suas reservas No seminário anual promovido pelo Instituto das Mulheres para uma Aposentadoria Segura (Women’s Institute for a Secure Retirement, conhecido como WISER), que acompanhei on-line, ficou claro não somente que a educação financeira é crucial para administrar bem o orçamento, evitar erros e tomar as melhores decisões, mas também que a desigualdade de gênero é um obstáculo para atingir esse objetivo. Mesmo nos EUA, 49% das mulheres entre os 18 e 64 anos (um contingente de cerca de 27 milhões) não têm acesso a um plano de previdência privado de seus empregadores. “Quando ajustamos a lente para minorias, 64% das hispânicas e 53% das negras estão nessa situação”, afirmou Catherine Collinson, CEO da Transamerica Institute, que realizou pesquisa com 57 mil trabalhadores. “Não podemos perder de vista que é a mulher que deixa o emprego para cuidar de filhos e pais idosos. Além de viver mais, elas não conseguem poupar tanto quanto os homens”, completou. O levantamento mostra que as mulheres avaliam sua situação financeira com ansiedade: apenas 16% se dizem confiantes de que conseguirão se aposentar e manter um padrão de vida confortável e 39% estimam que só deixarão de trabalhar depois dos 70 anos, ou nem consideram mais essa hipótese. Outro motivo de angústia é a perspectiva de se tornar uma cuidadora – uma tendência em ascensão, por causa do envelhecimento da população.