Whey protein: como o suplemento ajuda a ganhar músculos e para quem é indicado

Imagem: Reprodução Internet/Designed by Freepik. Fonte: BBC Brasil | Seção: Notícias | Data: 06/02/2025 Muito popular nas academias mundo afora, o pó feito com soro do leite é considerado uma alternativa prática para ingerir quantidades significativas de proteína, mas especialistas recomendam alguns cuidados. As proteínas estão presente em todo o corpo — nos músculos, ossos, pele, cabelo e praticamente em todos os tecidos e órgãos. Para que seu corpo funcione bem no dia a dia, mais de 10 mil tipos delas — formadas por diferentes combinações de aminoácidos, os “blocos de construção” desse macronutriente — estão trabalhando em processos complexos no organismo. É com elas que reparamos tecidos, transportamos substâncias pelo sangue e produzimos hormônios e anticorpos. Mas em meio a tantos processos importantes, um de seus poderes é que recebe a maior popularidade: seu papel na construção de massa muscular. Durante exercícios de resistência, como musculação, ocorrem pequenas lesões nas fibras musculares. Para repará-las e fortalecê-las, o corpo utiliza os aminoácidos que vêm das proteínas, promovendo o crescimento e a adaptação dos músculos ao esforço. Sem uma ingestão adequada de proteínas, o processo que levaria ao ganho de massa muscular fica incompleto. As principais fontes desse macronutriente são carnes, ovos, laticínios e leguminosas, como feijão, lentilha e grão-de-bico. E, desde a década de 1980, também se tornaram populares as opções de “soroproteínas” em pó, popularmente chamadas de whey protein (ou simplesmente whey) — um jeito considerado “mais prático” para ingerir doses significativas de proteína. Como o whey protein ajuda no ganho de músculos Se o objetivo é aumentar a quantidade de músculos, uma pessoa precisa consumir entre 1,4 e 2 gramas de proteína por quilo do seu peso, de acordo com a recomendação da Sociedade Internacional de Nutrição e Esporte. Isso, claro, aliado à prática de atividades físicas focadas no ganho de massa muscular, como a musculação. Para uma pessoa que pesa 70 kg, por exemplo, a recomendação seria ingerir cerca de 119 gramas de proteína por dia. Distribuído ao longo do dia, um exemplo de consumo — considerando apenas a ingestão proteica, sem levar em conta outros nutrientes — poderia incluir: No entanto, é comum que nem sempre seja priorizada a proteína ao montar as refeições. Em situações assim, o whey protein surge como uma alternativa prática para complementar a ingestão do macronutriente. O suplemento é composto por proteínas extraídas do soro do leite, rico em aminoácidos essenciais, fundamentais para a recuperação e o crescimento muscular. Além disso, é uma solução conveniente para quem busca aumentar a ingestão proteica de forma simples e eficaz. “Cerca de 80% das proteínas do leite são caseína, usada na produção de queijo, iogurte e coalhada, enquanto os 20% restantes correspondem ao soro, conhecido como whey protein — que permanecem solúveis quando a caseína é removida”, explica Veridiana Vera de Rosso, do Instituto de Saúde e Sociedade da Universidade Federal de São Paulo (ISS/Unifesp) – Campus Baixada Santista. “É uma fonte de proteína de alta qualidade, rapidamente absorvida pelo organismo.” Para fim de comparação, uma dose do suplemento, tomada em um copo de água ou leite, geralmente tem cerca de 25 gramas de proteína — o mesmo que um bife de carne bovina de 120 g, ou quatro ovos, ou um filé de frango de 100 g. “O whey pode ser indicado para pacientes com sarcopenia, condição caracterizada pela perda progressiva de massa muscular e força, comum em idosos”, afirma Daniela Gomes, nutróloga do Hospital Albert Sabin, de São Paulo. O processo natural de perda progressiva de massa muscular e força começa a acontecer, embora lentamente, a partir dos 30 anos de idade. Quando se atinge os 50 anos, começa a ocorrer uma perda mais significativa de massa muscular, que pode chegar a 2% por ano. De acordo com Gomes, o whey é geralmente recomendado no pós-treino, pois sua rápida absorção auxilia na recuperação muscular e na síntese de proteínas. No entanto, se o objetivo for apenas aumentar a ingestão diária de proteínas, o suplemento pode ser consumido em qualquer horário, desde que a quantidade total ao longo do dia seja suficiente para atender às necessidades do organismo. Os tipos de whey protein Embora exista uma quantidade de proteína recomendada, isso pode variar de acordo com o peso, a massa muscular e, principalmente, o nível de atividade física de uma pessoa, explica Veridiana Vera de Rosso. “Uma pessoa sedentária, por exemplo, precisa de menos proteína do que um atleta, que possui uma alta demanda metabólica.” A especialista aconselha que um nutricionista seja procurado para entender se realmente há necessidade de consumir o suplemento e qual seria a dose ideal e melhor versão de whey. “O que temos visto hoje é que muitas pessoas começam a treinar e já assumem que precisam tomar creatina ou whey protein, sem avaliar se há realmente essa necessidade”, diz ela. “O acompanhamento nutricional é essencial para tomar decisões mais seguras e adequadas.” Existem três principais tipos de whey no mercado, que se diferenciam por absorção e processamento da proteína pelo corpo e pela composição nutricional: Whey protein concentrado Esta versão tem menos concentração de proteína. O restante é composto por carboidratos (lactose) e gorduras — o que o torna mais barato. Seu processamento na fabricação é menos intenso, o que mantém mais nutrientes do leite, como imunoglobulinas e lactoferrina. Whey protein isolado Contém 90% ou mais de proteína, com menos gordura e lactose — uma boa opção para quem tem sensibilidade ou intolerância. Essa versão passa por um processo de filtragem mais rigoroso, removendo a maior parte dos carboidratos e gorduras. Tem rápida absorção, ideal para consumo pós-treino. Whey protein hidrolisado “O whey hidrolisado passa por um processo de hidrólise enzimática, que simula a digestão no nosso organismo, quebrando as proteínas em aminoácidos”, explica De Rosso. “Isso facilita a absorção, pois o corpo não precisa digeri-las completamente antes da assimilação”, prossegue a especialista. “No entanto, seja isolado, concentrado ou hidrolisado, o whey protein tem alta digestibilidade e é rapidamente absorvido pelo organismo.” Essa versão é indicada para pessoas com problemas digestivos, intolerância à lactose severa ou atletas que buscam absorção ultrarrápida, e costuma ser mais cara. Opções veganas Embora o whey protein seja originalmente uma proteína derivada do soro do leite, existem versões veganas de proteína em pó. Ao consumir proteínas de
Contra inflamações, dieta mediterrânea é aliada da boca, mostra estudo

Imagem: Reprodução Internet/Designed by Freepik. Fonte: Correio Braziliense | Seção: Notícias | Data: 16/09/2025 Padrão alimentar foi associado a uma redução de 65% no risco de gengivite grave em estudo que avaliou o impacto do que se come na saúde oral. O consumo de carne vermelha e ultraprocessados aumentou marcadores inflamatórios. Reconhecida pelos benefícios cardiovasculares, metabólicos e neurológicos, a dieta mediterrânea também desempenha um importante papel na saúde bucal. Um estudo conduzido por pesquisadores do King’s College London, no Reino Unido, e da Universidade de Catânia, na Itália, mostra que pessoas que seguem esse padrão alimentar têm menor risco de desenvolver periodontite grave, doença inflamatória crônica que afeta as gengivas e pode levar à perda dentária. O artigo foi publicado no Journal of Periodontology. Segundo os autores, que avaliaram 200 pacientes atendidos em hospitais do Reino Unido entre 2023 e 2024, o consumo frequente de carne vermelha está associado a quadros mais severos de periodontite. Por outro lado, frutas, legumes e leguminosas demonstraram efeito protetor, reduzindo marcadores de inflamação no organismo. O estudo britânico confirma os resultados de um artigo de revisão publicado no ano passado no Journal of Oral Microbiology, que incluiu dados de milhares de pessoas. Na pesquisa atual, os cientistas mediram desde a profundidade de bolsas periodontais — espaços entre a gengiva e o dente, resultantes da inflamação — até níveis de proteínas inflamatórias, como interleucina-6 (IL-6) e proteína C-reativa (PCR). Em seguida, aplicaram modelos estatísticos para verificar associações entre hábitos alimentares, marcadores biológicos e saúde gengival. Gravidade A análise revelou que seguir um padrão alimentar condizente com a dieta mediterrânea reduziu em cerca de 65% o risco de formas severas de periodontite. Já o consumo frequente de carne vermelha e derivados praticamente triplicou a probabilidade de gengivite grave. A periodontite é uma condição microbiana e inflamatória que destrói os tecidos de sustentação dos dentes. Já é bem conhecido que os efeitos da doença extrapolam a boca: estudos associam o problema a doenças cardiovasculares, diabetes e até quadros neurológicos. Na pesquisa britânica, a interleucina-6, um marcador inflamatório, apareceu em níveis mais altos em pessoas com doença periodontal avançada. Segundo os autores, os dados reforçam que a inflamação periodontal tem impacto além da cavidade oral — e que a alimentação pode modular essa resposta. A dieta mediterrânea é caracterizada por alto consumo de frutas, verduras, legumes, grãos integrais, azeite de oliva e oleaginosas; ingestão moderada de peixes, laticínios e vinho; e baixo consumo de carnes vermelhas e processadas. Esse padrão alimentar é rico em fibras, antioxidantes e ácidos graxos insaturados, compostos que reduzem o estresse oxidativo e regulam a produção de citocinas inflamatórias. Crônicas No estudo, o consumo frequente de vegetais e leguminosas esteve inversamente relacionado a biomarcadores inflamatórios como IL-6, IL-1, IL-10 e IL-17. Isso sugere que os efeitos benéficos vão além da boca, fortalecendo a hipótese de que a nutrição saudável protege contra inflamações crônicas sistêmicas. Já a carne vermelha, especialmente em excesso, pode aumentar o risco de inflamação devido à presença de ferro heme, que favorece a formação de radicais livres. Além disso, ambientes ricos em proteínas e ligeiramente alcalinos — típicos de quem consome muita proteína de origem animal — favorecem o crescimento de bactérias periodontopatogênicas, como Porphyromonas gingivalis, associada à progressão da periodontite. “O microbioma da boca é formado por trilhões de microrganismos que, quando em desequilíbrio, podem favorecer o surgimento de doenças periodontais. A dieta mediterrânea contribui para manter o equilíbrio por ser rica em alimentos com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes”, esclarece o nutricionista Guilherme Lopes, do Grupo Mantevida. “Frutas, vegetais, azeite de oliva, grãos integrais, nozes e peixes ajudam a modular a composição bacteriana da boca, fortalecendo a imunidade local e reduzindo a inflamação gengival.” Da mesma forma, a alimentação pode prejudicar a saúde bucal, lembra o cirurgião-dentista Gustavo Delmondes, de Brasília. “Os alimentos que consumimos impactam tanto na integridade dos dentes quanto na saúde da gengiva. Uma dieta rica em açúcares simples e ultraprocessados favorece a formação de placa bacteriana e aumenta o risco de cáries. Além disso, carências nutricionais podem comprometer a imunidade e deixar a boca mais suscetível a inflamações, como a gengivite e a periodontite.” Três perguntas para Ilana Marques, cirurgiã-dentista da IGM Odontologia para Família Como os hábitos alimentares influenciam a saúde da boca? Os hábitos alimentares estão diretamente ligados ao desenvolvimento da doença cárie e das doenças gengivais. Isso porque determinados alimentos — especialmente os ricos em açúcares simples e ultraprocessados — favorecem bactérias que desestabilizam o microbioma oral, levando à produção de ácidos que atacam o esmalte. Por outro lado, existem alimentos chamados neutralizadores, como queijos, iogurte natural sem açúcar, nozes e vegetais fibrosos, que estimulam a salivação e ajudam a restabelecer o pH da boca após a ingestão de alimentos ácidos ou açucarados. Esse equilíbrio entre o que agride e o que protege é fundamental para manter a saúde bucal. A chamada dieta mediterrânea pode ajudar a prevenir doenças bucais? Sim. O padrão mediterrâneo é considerado um dos mais protetores para a saúde, inclusive bucal. Ele se caracteriza pelo baixo consumo de ultraprocessados e açúcares e pela abundância de frutas, verduras, legumes, azeite de oliva, oleaginosas e peixes ricos em ômega-3. Embora inclua alimentos naturalmente ácidos, como frutas cítricas e vinho tinto, a dieta mediterrânea também oferece uma variedade de alimentos neutralizadores, que reduzem o impacto da acidez e ajudam a preservar o esmalte dental. Além disso, seu perfil anti-inflamatório contribui para a prevenção de doenças gengivais. Que tipo de pesquisa ainda falta para um avanço na compreensão da relação entre dieta, microbioma e saúde bucal? Ainda faltam estudos longitudinais que avaliem não apenas o impacto do açúcar ou da frequência alimentar, mas também o papel dos alimentos neutralizadores no reequilíbrio do pH oral após refeições ácidas. Também é necessário mapear como diferentes padrões alimentares modulam o microbioma oral a longo prazo e identificar a proporção ideal entre alimentos potencialmente prejudiciais (ácidos e fermentáveis) e os alimentos que ajudam a neutralizar seus efeitos. Esse tipo de dado permitirá recomendações ainda mais específicas para a prevenção de lesões de cárie e doenças
Hidroginástica, natação e deep water: por que exercícios na água são indicados na terceira idade

Fonte: Gauchazh | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 05/02/2025 Atividades físicas contribuem para um envelhecimento saudável, estando intimamente ligadas à longevidade Após realizar tratamentos quimioterápicos e cirúrgicos devido a um câncer de mama, Denise Figueiredo, 69 anos, ainda sofria com dores como consequência da doença. Em 2008, a médica veterinária aposentada foi orientada pelo oncologista a experimentar a hidroginástica em busca de alívio. Desde então, pratica o exercício aquático rigorosamente. Hoje, define como se sente em quatro palavras: — Perfeita, maravilhosa, saudável e feliz. Exercícios físicos são as medidas que mais trazem benefícios para um envelhecimento saudável, estando intimamente ligados à longevidade, afirma Virgílio Olsen, chefe do serviço de Geriatria da Santa Casa de Porto Alegre. Os exercícios na água, especificamente, como hidroginástica e natação, estão entre os melhores para quem tem mais de 60 anos. Têm tanto um componente de força quanto aeróbico, sem o impacto de atividades como caminhada ou corrida. — O exercício na água retira esse impacto e é uma boa alternativa para que pessoas com problemas de artrose e dor crônica, por exemplo, mantenham-se ativas — explica Olsen. Menos risco de quedas Exercícios aquáticos trabalham as articulações dos idosos de maneira diferente, sendo mais controlados, além de garantir mais segurança, ao diminuir o risco de quedas, aponta Daniel Godoy, professor do setor de atividades aquáticas do Parque Esportivo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), também na Capital. Além da hidroginástica e da natação, Luiz Fernando Martins Kruel, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), recomenda o deep water, que consiste em exercícios realizados em piscina profunda, com a ajuda de um flutuador, sem impactos. A água proporciona um ambiente que melhora o conforto e a aderência aos exercícios, conforme o fundador e coordenador do Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas e Terrestres. O especialista também destaca que, embora a natação seja benéfica, a hidroginástica e o deep water têm como vantagem um aprendizado mais rápido. Ambos os exercícios são eficazes na melhoria da densidade óssea, sendo úteis na prevenção e no tratamento da osteoporose. Além disso, contribui para o tratamento de doenças cardiometabólicas, como obesidade, dislipidemia (alteração de colesterol e triglicerídeos), pressão arterial, diabetes tipo 2 ou síndrome metabólica, segundo o pesquisador. O deep water, especificamente, também melhora o equilíbrio. — Para cada doença tem uma dose de exercício e uma intensidade — ressalta Kruel. Benefícios que se somam Olsen, da Santa Casa, afirma que “qualquer exercício é melhor do que nada”: — Para todo exercício que tem um acompanhamento de um profissional e uma rotina, os benefícios vão se somando e se tornando cada vez mais robustos. Há 17 anos, Denise tem sentido esses pontos positivos, com destaque para o reforço muscular e a resistência respiratória, ambos importantes para os idosos. Além da hidroginástica duas vezes por semana, sua rotina de atividades inclui musculação, de uma a duas vezes por semana, e dois dias de fisioterapia. Apesar de parecer “tranquila”, a hidroginástica cansa, garante a aposentada, que precisa dormir à tarde após o exercício, devido ao esforço. — Acho maravilhosa porque não se sente muito a resistência da água, mas ela trabalha bastante o corpo. Mesmo que se faça poucos movimentos, como no caso das pessoas que têm limitações, ainda assim é efetiva na musculatura — relata. Convívio em grupo Os exercícios aquáticos trazem diversas vantagens, segundo os especialistas, como benefícios cardiovasculares, metabólicos, respiratórios e diminuição de peso (veja lista ao final da reportagem). Godoy, da PUCRS, ressalta: — Isso tudo é fundamental para o público idoso. Até para a prevenção do Alzheimer e problemas de demência futura que podem vir a ter em função da idade. Há ainda benefícios de socialização, acrescenta Olsen: — Por meio do convívio em grupo, a hidroginástica oferece a oportunidade de continuar tendo um grupo de amigos nessa faixa etária. É o que Denise tem vivenciado há anos: — Criamos amizade, laços de afeto. Comemoramos juntos aniversários, Natal, Páscoa e Ano-Novo. Os laços ficam mais estreitos. Embora o exercício seja normalmente associado a pessoas de mais idade, a aposentada ressalta: — Não é uma turma de idosas, é de hidroginástica. Então, tem rapazes e moças também. Cuidados na hora de começar Os especialistas explicam que é preciso realizar uma revisão médica antes de começar a praticar uma atividade física, principalmente se a pessoa é sedentária ou não realiza atividade regular há algum tempo. Estando em condições e com autorização do médico, a recomendação é começar devagar, com acompanhamento e orientação de um profissional. Olsen aconselha: — Deve ser algo que caiba na rotina, ou seja, perto de casa ou do trabalho, para que esse exercício seja de fato incorporado como uma atividade de médio e longo prazo. Alguns idosos desejam, por vezes, realizar exercícios sozinhos na piscina de casa, com o auxílio de conteúdos da internet, mas é preciso cuidado, pois podem não ser os mais indicados e agravar algum problema, aponta Godoy, da PUCRS. Os professores orientam os alunos para que haja a melhor ergonomia, com a intensidade correta e segurança, de modo a evitar lesões.
Os idosos viciados em redes sociais: ‘Desligamos o wi-fi da minha mãe’

Fonte: BBC Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 23/12/2024 Na casa da família de Ester, no interior de São Paulo, o wi-fi está desligado. A cuidadora de idosos de 38 anos e os irmãos também têm evitado mexer no celular quando estão reunidos. A decisão repentina da família de ficar offline é uma tentativa de trazer uma pessoa “de volta à vida real”: a mãe de Ester, que tem 74 anos. “Ela está muito viciada: leva o celular para o banheiro, dorme com o celular embaixo do travesseiro, não interage e não deixa a gente chegar perto do telefone dela. Parece uma criança”, diz Ester, que preferiu preservar o nome da mãe e o sobrenome da família para evitar constrangimentos. Em uma medida mais drástica, os filhos chegaram a tirar o chip do telefone da mãe, para cortar o acesso da idosa a dados móveis e que, assim, parasse de entrar no Facebook e TikTok. O caso da família paulista ilustra um fenômeno que tem aparecido em pesquisas recentes sobre danos causados pelo vício em celular — a chamada nomofobia, expressão que vem do inglês no mobile (sem celular). Ela não é considerada uma doença ou um transtorno, mas um conjunto de sintomas exacerbados nessa relação não saudável com os aparelhos eletrônicos. Em alguns casos, o medo de ficar sem celular pode deixar uma pessoa tão nervosa que ela pode suar demais ou ter taquicardia. O uso excessivo de telas é relacionado a uma piora da saúde mental, com sintomas de estresse, depressão e ansiedade, segundo pesquisas reunidas em um estudo realizado pela terapeuta ocupacional Renata Maria Santos em seu doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A principal surpresa para a pesquisadora, que acompanha pacientes no Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte, foi o impacto em idosos. “A gente imaginava que os idosos teriam uma aversão à tecnologia, pela dificuldade de mexer ou por um leve declínio cognitivo natural, que seriam uma barreira para um relacionamento positivo com esses aparelhos”, diz Santos, que analisou 142 artigos publicados sobre pesquisas que, reunidas, envolvem 2 milhões de pessoas no mundo. “Mas o que a gente encontrou é que as pessoas estão tão apegadas a ponto de desenvolver essa ansiedade generalizada de ficar desconectado [a nomofobia].” Ou seja, a dificuldade que muitos idosos relatam de lembrar de senhas, baixar algum programa ou conhecer os caminhos para acessar um site não tem sido mais uma barreira. Os especialistas com quem a BBC News Brasil conversou apontam que os celulares podem ser aliados importantes na melhoria da qualidade de vida de idosos (no contato com a família, por exemplo). Mas há alguns aspectos que deixam os idosos especialmente vulneráveis a uma possível dependência, como: Essas situações, somadas a algum declínio cognitivo e à falta de letramento digital, ainda podem levar os idosos a uma maior propensão a cair em golpes ou se viciar em jogos, explica a neuropsicóloga Cecília Galetti, especialista em gerontologia, a ciência que estuda o envelhecimento. “É como uma bola de neve. Um idoso isolado em casa e deprimido é mais vulnerável a um comportamento aditivo”, diz Galetti, que é colaboradora do Programa Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso da USP (Universidade de São Paulo). Além disso, “um dos critérios diagnósticos para identificar um vício em jogos, por exemplo, é saber se a pessoa aposta para fugir de um humor deprimido”. ‘Eu era viciada’ “Era como se o celular fosse parte de mim, e eu tinha que ficar perto dele o tempo inteiro. Senão, sentia que faltava alguma coisa.” O relato da aposentada Maria Aparecida Silva, de 70 anos, de São Paulo, remete ao momento que ela percebeu que tinha uma dependência, em 2021. O Brasil vivia ainda a pandemia de covid-19, e o celular passou a ser sua única conexão com o mundo exterior. Aparecida, que mora sozinha, lembra que “passou a levar o celular para a cama e não conseguia mais dormir”, além de “deixar de realizar tarefas domésticas para ficar conectada”. A aposentada passava maior parte do tempo no Facebook, um aplicativo que faz “um serviço muito bem feito para chamar nossa atenção”, conta. De fato, as redes sociais são habilidosas em contemplar a busca por “recompensas” do nosso cérebro. Temos centros neurais que reagem ao prazer — ao sexo, às drogas, a ganhar dinheiro em apostas —, e esperam que isso se repita várias vezes. Isso é conhecido como circuito de recompensa do cérebro, e é o mesmo mecanismo pelo qual uma pessoa se torna dependente de uma substância como o álcool. As redes sociais, em particular, sempre têm algo novo prazeroso a oferecer: uma foto, um vídeo, uma mensagem. Por isso, têm potencial aditivo. Especialmente nos idosos, a pesquisadora Renata Maria Santos explica que esse acesso exacerbado ao mundo digital tem causado um estado psíquico chamado hebefrenia, uma confusão mental que, nos grupos afetados, tem levado a um “comportamento de adolescente“. “Tenho percebido um aumento da preocupação com a validação dos pares, das compras por impulso na internet de coisas que não precisam e da busca por ideais de beleza”, diz Santos. “Em tese, são comportamentos que, pela idade, eles já teriam perdido, mas que agora tem voltado com as redes. E isso coloca os idosos em uma susceptibilidade parecida ao dos adolescentes. Eles querem se sentir inseridos.” As psicólogas com quem a BBC News Brasil conversou indicam alguns sinais que os familiares podem perceber sobre o uso não saudável do celular, como: Na avaliação da psicóloga Anna Lucia Spear King, fundadora do Instituto Delete, que promove uso consciente de tecnologias, a nomofobia ocorre, em geral, para “dar vazão a um transtorno de origem”, como compulsão, ansiedade, depressão ou síndrome do pânico. “Quando percebido o problema, o tratamento é no transtorno de origem que leva a essa dependência”, conta Spear King, que pesquisa dependência digital e é professora do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, as especialistas aconselham as famílias a estarem por perto dos idosos e incentivá-los a realizar atividades fora de casa. A aposentada Maria Aparecida Silva conta que conseguiu se sentir “livre” do celular ao fazer aulas
Gordura visceral pode ser prognóstico de Alzheimer 20 anos antes dos primeiros sintomas

Fonte: G1 | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/ G1 Data: 03/12/2024 Na reunião anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia (RSNA em inglês), que vai até o dia 5, pesquisadores apresentaram trabalho associando um determinado tipo de gordura corporal às proteínas encontradas no cérebro que são consideradas marcadores da Doença de Alzheimer – o mais interessante é que o quadro se manifestava 20 anos antes do surgimento dos primeiros sintomas de demência. “Conseguimos chegar a esse resultado porque investigamos a patologia do Alzheimer na meia-idade, entre os 40 e 50 anos, quando a doença está em estágios iniciais e modificações no estilo de vida, como perda de peso e redução de gordura visceral, são meios eficazes para prevenir ou retardar o começo da enfermidade”, afirmou a médica Mahsa Dolatshahi, pesquisadora de pós-doutorado e autora principal do estudo. Nos Estados Unidos, há quase sete milhões de pessoas, acima dos 65 anos, vivendo com a doença. No Brasil, a estimativa da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) é que sejam 1.7 milhão de pacientes acima dos 60 com algum tipo de demência – o Alzheimer corresponde a 55% dos casos. O estudo contou com 80 indivíduos sem qualquer alteração cognitiva, com idade média de 49 anos, sendo 62.5% deles mulheres. No grupo, 57.5% eram obesos e todos se submeteram a exames de sangue e de imagem do cérebro, além de ressonância magnética do abdômen, para medir o volume de gordura subcutânea – a que fica embaixo da pele – e gordura visceral, que se acumula na cavidade abdominal, entre os órgãos internos. Um maior nível da visceral estava relacionado ao aumento de placas de proteína amiloide, que se acumulam no cérebro e causam danos irreversíveis. “Os pacientes estavam na meia-idade, a décadas de exibir os primeiros sintomas de demência, mas já havia uma condição alterada”, disse Dolatshahi. O estudo também mostrou que um alto nível de resistência à insulina (que leva ao diabetes) e um baixo nível de HDL, um tipo de colesterol considerado benéfico à saúde, estavam atrelados às proteínas amiloide no cérebro. A doutora e seus colegas apresentaram ainda outra pesquisa, no mesmo encontro da entidade, revelando, através de imagens, que obesidade e gordura visceral diminuem o fluxo sanguíneo para o cérebro.
Dez dicas para aumentar a segurança financeira das mulheres

Fonte: G1| Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/G1 Data: 07/11/2024 Segundo pesquisa realizada nos Estados Unidos, o maior medo apontado por elas é viver além das suas reservas No seminário anual promovido pelo Instituto das Mulheres para uma Aposentadoria Segura (Women’s Institute for a Secure Retirement, conhecido como WISER), que acompanhei on-line, ficou claro não somente que a educação financeira é crucial para administrar bem o orçamento, evitar erros e tomar as melhores decisões, mas também que a desigualdade de gênero é um obstáculo para atingir esse objetivo. Mesmo nos EUA, 49% das mulheres entre os 18 e 64 anos (um contingente de cerca de 27 milhões) não têm acesso a um plano de previdência privado de seus empregadores. “Quando ajustamos a lente para minorias, 64% das hispânicas e 53% das negras estão nessa situação”, afirmou Catherine Collinson, CEO da Transamerica Institute, que realizou pesquisa com 57 mil trabalhadores. “Não podemos perder de vista que é a mulher que deixa o emprego para cuidar de filhos e pais idosos. Além de viver mais, elas não conseguem poupar tanto quanto os homens”, completou. O levantamento mostra que as mulheres avaliam sua situação financeira com ansiedade: apenas 16% se dizem confiantes de que conseguirão se aposentar e manter um padrão de vida confortável e 39% estimam que só deixarão de trabalhar depois dos 70 anos, ou nem consideram mais essa hipótese. Outro motivo de angústia é a perspectiva de se tornar uma cuidadora – uma tendência em ascensão, por causa do envelhecimento da população.

