Pesquisadores criam minicérebros para investigar envelhecimento saudável

Fonte: CNN Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 29/01/2025 Organoides foram desenvolvidos a partir de células sanguíneas de centenários que integram projeto conduzido no Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco; objetivo é descobrir genes que protegem o cérebro dos efeitos da idade. Com 116 anos, a Freira Inah Canabarro Lucas é a mulher mais idosa do mundo, segundo o Gerontology Research Group. A religiosa brasileira, que atualmente mora em Porto Alegre (RS), adora chocolates, detesta banana, dirigiu uma banda de música e viajou por todos os países da América Latina. Em 2022, contraiu Covid-19 e, surpreendentemente, recuperou-se sem grandes complicações. Laura, de 105 anos, começou a nadar aos 70. Atualmente, exibe a agilidade de uma jovem e excelente capacidade cognitiva. Em vez de perder força muscular com o tempo, como era o esperado, a nadadora mineira preservou musculatura e passou a ganhar medalhas aos 100 anos. Já Milton, de Brasília, um veterinário que aos 108 anos acompanhava e comentava todos os avanços científicos noticiados, foi capaz de nomear e relembrar a importância de todos os presentes em sua festa de aniversário de 107 anos – algo pouco trivial até para quem comemora um par de décadas. Todos eles integram um projeto conduzido no Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade de São Paulo (USP). O estudo está mapeando o código genético de centenários saudáveis em busca de genes determinantes para essa longevidade excepcional. Até agora, já foram coletadas amostras de 75 centenários e a busca por novos voluntários continua. “Queremos identificar os genes protetores de doenças comuns ao envelhecimento, como as demências e aquelas relacionadas à perda muscular. Sabemos que manter um estilo de vida saudável é muito importante para se obter uma velhice com qualidade de vida. No entanto, sabemos também que, depois dos 90 anos, a genética é muito mais determinante que o ambiente”, diz Mayana Zatz, coordenadora do CEGH-CEL. Além de coletar o sangue dos centenários e sequenciar seus genomas, os pesquisadores estão reprogramando as células sanguíneas (eritroblastos) coletadas e as transformando em células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), processo que permite diferenciá-las em qualquer outro tipo de células, como as musculares, ósseas ou nervosas. Isso possibilita também a criação de organoides – miniórgãos desenvolvidos em laboratório que podem ser usados para estudar o funcionamento dos sistemas corporais. Com os minicérebros obtidos a partir de células doadas pelos centenários brasileiros os pesquisadores pretendem investigar os genes relacionados com a proteção de processos neurodegenerativos associados a demências senis, Alzheimer, Parkinson e outras doenças comuns do envelhecimento. Mas para isso, além de avançar no monitoramento e na busca ativa de centenários saudáveis, também estão investindo no desenvolvimento de minicérebros mais complexos. Os protocolos até agora desenvolvidos foram descritos em um dos capítulos da série de livros Methods in Molecular Biology, publicada pela editora Springer. “Estamos trabalhando em duas frentes. Primeiro, temos a coorte [grupo de voluntários do estudo] dos centenários brasileiros. É algo que não existe no mundo, visto que eles têm uma variabilidade genética muito grande em decorrência de nossa miscigenação. Isso pode nos permitir identificar um maior número de genes protetores. Paralelamente, estamos desenvolvendo organoides mais complexos, capazes de mimetizar de um modo mais amplo o que acontece no cérebro dos centenários”, conta Zatz. Isso significa desenvolver organoides que, além de neurônios, também contam com outros tipos de células do sistema nervoso central, como as micróglias, que reconhecem e sinalizam a presença de patógenos, além de desempenhar papel importante no desenvolvimento cerebral. “Com esse modelo experimental complexo e mais sofisticado é possível replicar vários aspectos das funções, interações e organização do cérebro. É um modelo ideal para estudar tanto questões referentes ao desenvolvimento cerebral quanto anomalias e distúrbios neurológicos, pois mimetiza a arquitetura celular e os processos fisiológicos do cérebro humano”, explica Raiane Ferreira, pesquisadora do CEGH-CEL e bolsista de doutorado da FAPESP. “Não estamos desenvolvendo nada novo, apenas avançando na técnica de criar minicérebros mais complexos que nos permitam, por exemplo, incluir a micróglia”, pontua Ferreira. Do começo ao fim Segundo a pesquisadora, existe um complicador nesse processo: as células iPS – a base para a produção dos organoides em laboratório – têm características mais embrionárias e os minicérebros são comumente utilizados para o estudo do neurodesenvolvimento. “Nosso desafio é conseguir adaptar o modelo para que expresse fatores de estresse presentes no envelhecimento. Assim, poderemos investigar como se dá o neuroenvelhecimento”, diz. “Os participantes do projeto estão todos muito lúcidos. Sabemos que a micróglia tem uma função muito importante em relação ao Alzheimer e outras demências por causa de seu papel na homeostase [equilíbrio] do cérebro no envelhecimento. Por isso, buscamos entender nesta etapa da pesquisa se a micróglia desses idosos também estaria diferente, sofrendo menos efeitos de envelhecimento. Isso só será possível descobrir a partir do organoides que estamos desenvolvendo “, afirma Ferreira.

Por que produtos naturais nem sempre são melhores que sintéticos

Fonte: BBC Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 15/02/2025 Antes de escrever esta reportagem, marquei horário na cabeleireira. Enquanto ajustava a capa de corte em torno do meu pescoço, ela apontava para o xampu que iria usar. “É uma linha nova, feita com 90% de ingredientes naturais”, explicou ela. O folheto anexo continha descrições resumidas de cada um dos produtos da linha. Um dos xampus continha extrato de figo-da-índia e outro usava frutos de açaí. Um terceiro incluía sementes de chia. Assim que entrei em casa, peguei os frascos de xampu que comprei e olhei mais detalhadamente a lista de ingredientes: álcool cetearílico, glicerina, cloreto de behentrimônio e miristato de isopropila. Todos são substâncias comuns, feitas em laboratório. Nenhum desses ingredientes me preocupava. Mas, mesmo sendo empregados em quantidades muito maiores do que qualquer um dos extratos de frutas, nenhum deles é destacado nos anúncios da marca. A tática empregada – aparentemente com sucesso, no meu caso – existe há séculos. Ela é adotada com frequência nas redes sociais, por marcas e influenciadores, e por políticos de todo o planeta. O chamado “apelo à natureza”, ou “falácia naturalista”, é um dos tipos mais comumente observados de falácias lógicas – falhas de raciocínio que podem fazer uma afirmação parecer surpreendentemente convincente. Sempre que você ouvir alguém afirmar que um produto ou prática é superior porque é “natural”, ou que outra é inferior (ou até prejudicial) porque não é “natural”, é porque a falácia naturalista está em andamento. Dela surgem os argumentos que defendem que determinado produto segue “os padrões da natureza”, ou que outra substância é ruim especificamente porque é “química” ou “sintética”. A natureza é maravilhosa em muitos aspectos e tem muito a nos ensinar. Mas por que algo não é necessariamente melhor apenas porque vem da natureza? A resposta é porque a natureza não tem intenções, pelo menos em sentido consciente. Ou seja, ela não tem a intenção de fazer o bem, ou de ajudar os seres humanos, especificamente falando. Não precisamos filosofar muito para chegar a esta conclusão. Basta considerar algumas das criações da natureza. O arsênio, por exemplo, é um produto natural que pode matar um ser humano adulto com uma dose de até 70 mg. Outro produto natural é o amianto, que é cancerígeno. O cianeto pode matar com até 1,5 mg por kg de peso do corpo, se for ingerido. Ele é uma fitotoxina, produzida naturalmente por mais de 2 mil espécies de plantas, incluindo as amêndoas, damascos e pêssegos. Por isso, alguns remédios “naturais” frequentemente comercializados podem, na verdade, ser perigosos para o consumo, como sementes de damasco moídas. Esta é a questão do uso da palavra “natural”, tão comum nos anúncios de diversos produtos. Trata-se de um termo mal definido, que não significa necessariamente que o produto será melhor, ou até mais seguro, do que outras opções. Uma pesquisa sobre produtos para a dentição dos bebês rotulados como “naturais” descobriu, por exemplo, que mais de 370 crianças sofreram efeitos adversos, como convulsões ou delírios. Os produtos continham níveis inconsistentes, às vezes elevados, de beladona. É claro que também podemos observar fenômenos naturais, além dos ingredientes empregados nos produtos. A varíola, por exemplo, chegou a matar uma em cada três pessoas infectadas pela doença. Este vírus de ocorrência natural foi responsável pela morte de uma quantidade surpreendente de pessoas – 300 a 500 milhões, somente no século 20 – até que foi erradicado graças à vacinação. A hera venenosa, a poliomielite, os tornados, as picadas de insetos e a eventual e inevitável morte do Sol que, um dia, irá pôr fim a toda a vida na Terra também são eventos naturais. No seu ensaio sobre a natureza, de 1874, o filósofo britânico John Stuart Mill (1806-1873) indicou que este é um dos principais problemas dos chamados “apelos à natureza”: Para ele, “ou será certo matar, porque a natureza mata; torturar, pois a natureza tortura; arruinar e devastar, porque a natureza assim o faz; ou não devemos considerar o que a natureza faz, mas sim fazer aquilo que é bom fazer”. Em outras palavras, se a premissa do apelo à natureza for correta e tudo o que for “natural” deve ser melhor, apenas porque é natural, precisaremos também estar dispostos a aceitar tudo o que a natureza traz. Caso contrário, provavelmente não acreditamos, na realidade, que tudo é inerentemente melhor quando é natural. Paralelamente, existem centenas de coisas que podemos considerar não naturais e que, na verdade, melhoraram muito a vida de muitas pessoas. Antes da medicina moderna, mais de uma a cada 100 mulheres morria ao dar à luz. Atualmente, nos países ricos e industrializados como o Reino Unido, morre uma mulher a cada 10 mil. Antes da difusão global das vacinas, a coqueluche matava uma a cada 10 crianças infectadas. Depois da vacinação, as mortes caíram para uma fração – mais especificamente, 1/157 – dos números anteriores. Até aqui, falamos apenas da medicina. Mas basta olhar em volta para observar dezenas de outros exemplos. Usar óculos, refrigerar os alimentos ou ligar o aquecimento no inverno, por exemplo, podem não ser ações “naturais”. Mas, para muitos de nós, é uma alternativa melhor do que andar por aí sem enxergar direito, deixar a carne estragar ou ter arrepios de frio no inverno. Grande parte dos alimentos que consumimos não chega até nós na mesma forma em que a natureza os apresenta. Nós os processamos e cozinhamos. A colheita, moagem e o processamento dos grãos ajudaram na transição que fez com que a nossa espécie deixasse de ser nômade, caçadora e coletora, passando a ser formada por agricultores estabelecidos, capazes de construir sofisticadas civilizações. O mesmo ocorreu com o nosso cultivo e cruzamento das plantas. Eles fizeram com que muitos dos alimentos nutritivos que consideramos “naturais” hoje em dia, desde a cenoura até a banana moderna, tenham aparência e sabor muito diferentes dos seus antepassagens silvestres. É claro que não estaria certo sugerir que os produtos fabricados pelo homem não nos causam problemas, como no caso da poluição gerada pelos plásticos sintéticos ou do uso

Modelo mais econômico de IA pode gerar oportunidades para o Brasil

Fonte: Agência Brasil EBC | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 04/02/2025 Lançado pela China, assistente virtual DeepSeek tem código aberto Alex Rodrigues* – Repórter da Agência Brasil Lançado há algumas semanas, o assistente virtual (chatbot) DeepSeek já é apontado por alguns especialistas como um marco na história do desenvolvimento da inteligência artificial (IA). O modelo chinês promete reduzir os custos de produção, treinamento e implantação de novos modelos de IA se comparados aos investimentos feitos por seus principais concorrentes, principalmente os estadounidenses, como o ChatGPT e o Gemini Ultra. Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o sucesso da startup chinesa ao apostar em um sistema menos dependente de infraestrutura de ponta, com uma arquitetura computacional mais econômica e, ainda assim, capaz de entregar resultados semelhantes ao dos concorrentes, pode transformar os parâmetros de desenvolvimento de sistemas de IA, desafiando a hegemonia das grandes empresas de tecnologia e gerando oportunidades para países em desenvolvimento. Incluindo o Brasil. “O grande diferencial do DeepSeek é que, enquanto os modelos das empresas norte-americanas dependem de hardware avançado, de chips de última geração, os desenvolvedores chineses alcançaram resultados impressionantes usando equipamentos supostamente menos sofisticados, menos potentes. Graças ao desenvolvimento de algoritmos inovadores”, afirmou em entrevista à Agência Brasil o cientista de inteligência artificial Rodrigo Clemente Thom de Souza, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) . “Essa abordagem quebra a hegemonia norte-americana e estimula outros países, como o Brasil, a utilizarem modelos como esse na forma de plataforma-base para, talvez, desenvolver soluções adaptadas a nossas próprias necessidades”, acrescentou Souza, destacando que o DeepSeek opera com código aberto. O que significa que desenvolvedores do mundo inteiro podem aprimorar seu código-fonte e criar versões ainda mais avançadas, ao contrário dos sistemas de código fechado, nos quais apenas os detentores dos direitos autorais conseguem acessar o conjunto de instruções usados pelos programadores para criar o software. “Com os códigos proprietários protegidos, são necessários muito mais tempo e recursos para alguém alcançar um marco já estabelecido por terceiros. Já com o código aberto, esse marco se torna mais acessível, e outros atores podem participar do aprimoramento do que já foi apresentado. Para o Brasil, para os desenvolvedores brasileiros, essa pode ser uma oportunidade de trabalhar a partir de um patamar muito melhor, podendo correr atrás de desenvolver múltiplas plataformas que contemplem objetivos próprios, como, por exemplo, algoritmos treinados com mais dados em língua portuguesa ou com mais aspectos da realidade brasileira”, comentou Souza, assegurando que, além de colaborarem em projetos internacionais, muitos profissionais brasileiros participam ativamente de importantes pesquisas acadêmicas e do desenvolvimento de novos produtos. “Há inúmeras oportunidades, mas o país tem que estar de olho nas mudanças que estão ocorrendo. E aproveitar o conhecimento disponível, mirando naquilo que acha que será estrategicamente vantajoso para nós, brasileiros. Precisamos de mais investimentos para desenvolvermos a parte de hardware, incluindo semicondutores, componentes eletrônicos e equipamentos computacionais, mas talvez essa questão não tenha tanto peso quanto acreditávamos, conforme a DeepSeek está apontando. Qualquer que seja o caso, quanto mais capacidade de hardware tivermos, mais preparados estaremos para os próximos passos. Então, as duas coisas têm que caminhar em conjunto, mas acredito que, neste momento, o ponto mais favorável ao Brasil é o desenvolvimento de software [programas]”, pontuou Souza. Assistente virtual DeepSeek R1 foi lançado em janeiro – Reuters/Dado Ruvic/Illustration/Proibida reprodução Diretor do Departamento de Engenharia de Computação da Universidade de Taubaté (Unitau), Dawilmar Guimarães de Araújo concorda com a tese de que brasileiros podem se valer do código-fonte do DeepSeek para desenvolver plataformas de IA com foco em dados e necessidades locais, beneficiando o Brasil. “Para mim, o fato [de a DeepSeek] abrir o código é bastante oportuno, pois alavanca a ideia de podermos criar outras [plataformas de] IA. Para isso, precisamos entender o ponto onde estamos e decidir para onde queremos ir. Nossas startups precisam de mais investimentos [públicos e privados]. E nossos governantes precisam entender a importância dos investimentos sérios em tecnologia. Capacidade [para termos nossa própria DeepSeek] eu acredito que nós temos. Basta seriedade nos investimentos”, afirmou Araújo. Para o coordenador do MBA de Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli, ainda não é possível afirmar que o código-aberto ditará o futuro do desenvolvimento da inteligência artificial. “Ainda tem muita coisa para acontecer antes que possamos ser taxativos nas análises”, ponderou Miceli, referindo-se ao fato de que, dias após lançar seu chatbot com enorme sucesso, o próprio DeepSeek apresentou uma versão melhorada do Janus, seu gerador de imagens com emprego de inteligência artificial. E a também chinesa AliBaba disponibilizou o Qwen 2.5, seu modelo de IA, que a companhia afirma ser superior a todos os outros assistentes digitais disponíveis no mercado. “Todas as expectativas, de repente, foram redesenhadas. Aparentemente, não vamos precisar de tanta energia, de tantos recursos computacionais e de tanto dinheiro quanto imaginávamos. Com isso, outras empresas, de diferentes segmentos, devem lançar suas próprias soluções de IA, específicas para determinados fins. E as próprias big techs [estadounidenses] vão acabar estudando o [código do] DeepSeek e, em alguma instância, replicando parte do que os desenvolvedores chineses conseguiram fazer. Ou seja, acredito que teremos uma estrutura de funcionamento de IA diferente da que imaginávamos. E que, se a DeepSeek começar a ganhar muito volume, o governo dos Estados Unidos intervirá nesse jogo. Afinal, o desenvolvimento da IA é algo maior do que a competição entre organizações. É uma questão geopolítica”, concluiu Miceli. Em entrevista à CNN, no último dia 30, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, comentou o assunto, assegurando que o Brasil planeja desenvolver seus próprios modelos de inteligência artificial a fim de promover bem-estar social e melhorar serviços públicos. “O aspecto mais importante dessa nova tecnologia [DeepSeek R1] é mostrar que o volume de recursos necessários para competir em IA não é inalcançável para países como o nosso”, disse a ministra. Em nota, o ministério destacou que o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado em agosto de 2024, durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, prevê um investimento da ordem de R$ 23 bilhões até 2028 para “consolidar o Brasil como um ator relevante no cenário global de IA”, especialmente no setor público. Uma das iniciativas-chave para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento

Cientistas do Inca alertam para desinformação sobre câncer

Fonte: Agência Brasil EBC | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/Inca/Divulgação | Data: 04/02/2025 Infodemia inclui mitos sobre causas e tratamentos sem comprovação Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil No Dia Mundial do Câncer, celebrado nesta terça-feira (4), pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca) alertam para o grande fluxo de desinformações sobre a doença que circulam em redes sociais. Um artigo publicado na edição mais recente da Revista Brasileira de Cancerologia mostra os riscos de uma infodemia do câncer, ou seja, a circulação rápida e ampla de informações falsas sobre a enfermidade. “Infodemia é um conceito criado por especialistas internacionalmente, validado pela OMS [Organização Mundial da Saúde], que ganhou muita força durante a pandemia de Covid-19. Infodemia é um olhar sobre os momentos em que informações sobre saúde ganham uma grande relevância e começam a aumentar de uma forma muito abrupta essas informações, sejam verdadeiras, ou não”, explicou o pesquisador Fernando Lima, um dos autores do artigo. De acordo com o pesquisador, as redes sociais não facilitam a distinção entre informação, baseadas em evidências científicas, e desinformação. “Isso pode atrapalhar as tomadas de decisão do indivíduo sobre o seu próprio cuidado e acabar, ou atrasando tratamentos ou atrasando diagnósticos, e complicando os próprios casos”. O artigo destaca que a infodemia do câncer abrange desde mitos sobre as causas da doença até a promoção de medidas preventivas e tratamentos não comprovados. Essas informações podem incentivar ações sem base em evidências. “Uma informação falsa que tem sido muito propagada em redes sociais tem relação com vacina contra HPV, que tem como objetivo a prevenção do câncer de colo de útero. Existe inclusive a desinformação de que isso [a vacinação] poderia estar associado a um aumento dos casos do câncer de colo de útero”, afirmou Lima. “Há também desinformação sobre a segurança do uso de cigarros eletrônicos. Eles não são seguros. Não há comprovação nenhuma de sua segurança. E há também notícias de substituição de tratamentos convencionais por tratamentos alternativos. Isso gera um grande risco para a sociedade”. Outra autora do artigo, Telma de Almeida Souza, lembra o caso recente da circulação de desinformações acerca do uso da graviola como uma suposta forma de matar células cancerígenas. “O tempo para o paciente com câncer é primordial. Isso faz com que ele perca tempo no seu tratamento. Esse combate à desinformação é importantíssimo para salvar vidas.” Segundo o artigo, a disseminação e amplificação das desinformações são potencializadas, de forma intencional, pelas redes sociais, por meio oo chamado “capitalismo de vigilância”. Por esse conceito, as empresas de tecnologia ganham dinheiro mantendo as pessoas conectadas, coletando seus dados e moldando seus comportamentos. Os algoritmos usados por tais redes sociais amplificam narrativas, que “criam câmaras de eco e privilegiam conteúdos sensacionalistas com o objetivo de aumentar o engajamento dos usuários, impulsionando a todos para a era da infodemia”, diz o artigo. “O aumento abrupto [da circulação dessas informações] dificulta muito para o cidadão comum compreender entender ali, diferenciar o que seria informação ou desinformação. A informação em saúde, hoje em dia, na internet, pode ter picos, o que se chama de viralização, e esse pico pode ser um momento que pode gerar muitas dúvidas na sociedade”, ressaltou Fernando Lima. De acordo com Lima, é preciso haver monitoramento permanente dessas informações e dar uma resposta rápida e eficiente, para que a sociedade saiba diferenciar informação e desinformação. Ações como regulamentar e responsabilizar as empresas que controlam as redes sociais e fortalecer respostas institucionais às informações falsas são medidas sugeridas pelos pesquisadores.

Cientistas lançam guia inédito no Brasil sobre uso ético da IA generativa

Fonte: Correio Braziliense | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/CASSI | Data: 28/01/2025 E-book aborda princípios de funcionamento e aplicações práticas da tecnologia, como os usos em diferentes fases da pesquisa acadêmica Isabela Stanga A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom) lançou um ebook inédito no Brasil, a fim de promover o uso ético e responsável a Inteligência Artificial (IA) generativa no meio acadêmico. O material se chama Diretrizes para o uso ético e responsável da Inteligência Artificial Generativa: um guia prático para pesquisadores. O guia aborda princípios de funcionamento e aplicações práticas da tecnologia, tais quais os usos em diferentes fases da pesquisa acadêmica — como a busca por materiais, leitura, escrita, análise de dados, programação, transcrição, tradução, pareceres e até mesmo bancas de seleção. A produção aprofunda as discussões sobre as limitações e os riscos do uso indiscriminado da IA. O e-book foi desenvolvido por Rafael Cardoso Sampaio (Universidade Federal do Paraná), Marcelo Sabbatini (Universidade Federal de Pernambuco) e Ricardo Limongi (Universidade Federal de Goiás), que estudam os impactos da IA generativa na pesquisa acadêmica em diferentes áreas, como Administração, Ciência Política, Comunicação, Educação e Políticas Públicas. A publicação tem apoio da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). “Trata-se de um guia inédito no Brasil, especialmente por entrar nas práticas acadêmicas cotidianas, oferecendo sugestões de como usar e os respectivos cuidados”, afirma ao Correio Rafael Cardoso. “Um diferencial do guia é não se restringir a sugestões normativas ou a aspectos do uso prático. Terminamos o guia defendendo a necessidade de termos uma IA generativa criada e controlada por pesquisadores brasileiros, garantindo a proteção dos dados de pesquisa e fomentando a soberania digital”. O ebook pode ser baixado gratuitamente neste link. 

O que significa o raro alinhamento de planetas que está acontecendo no céu

Fonte: BBC Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 21/01/2025 Se você olhar para o céu em uma noite clara durante janeiro e fevereiro, poderá se deparar com uma surpresa. Seis planetas — Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno — estão atualmente visíveis no céu noturno. Durante uma única noite no final de fevereiro, no dia 28, Mercúrio se juntará a eles, criando um raro alinhamento de sete planetas visíveis no céu. Mas esses eventos não são apenas um espetáculo para os observadores de estrelas; eles também podem ter um impacto real em nosso Sistema Solar e oferecer novos insights sobre o nosso lugar nele. Os oito planetas principais do nosso Sistema Solar seguem órbitas no mesmo plano achatado ao redor do Sol e a diferentes velocidades. Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, completa uma órbita — um “ano” para o planeta — em 88 dias. O ano da Terra, claro, é de 365 dias, enquanto, no extremo superior, Netuno leva impressionantes 60.190 dias, ou cerca de 165 anos terrestres, para completar uma única volta ao redor da nossa estrela. As diferentes velocidades dos planetas significam que, em algumas ocasiões, vários deles podem se alinhar aproximadamente no mesmo lado do Sol. Da Terra, se as órbitas se alinharem de maneira precisa, podemos ver múltiplos planetas em nosso céu noturno ao mesmo tempo. Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno são brilhantes o suficiente para serem visíveis a olho nu, enquanto Urano e Netuno exigem binóculos ou um telescópio para serem observados. Em janeiro e fevereiro, podemos testemunhar esse evento acontecer. Os planetas não estão exatamente alinhados, então eles aparecerão em um arco pelo céu devido ao seu plano orbital no Sistema Solar. Durante as noites claras de janeiro e fevereiro, todos os planetas, exceto Mercúrio, estarão visíveis — um evento às vezes chamado de “desfile planetário”. No dia 28 de fevereiro, no entanto — se o tempo permitir, sem nuvens — todos os sete planetas serão visíveis, um grande espetáculo para os observadores na Terra. “Há algo especial em olhar para os planetas com seus próprios olhos”, diz Jenifer Millard, comunicadora científica e astrônoma no Fifth Star Labs, no Reino Unido. “Sim, você pode ir ao Google e ter uma visão mais espetacular de todos esses planetas. Mas quando você olha para esses objetos, esses são fótons que viajaram milhões ou bilhões de quilômetros pelo espaço para atingir suas retinas.” Impacto na Terra Embora fascinantes de observar, esses alinhamentos têm algum impacto aqui na Terra? Ou podem ter algum uso para aumentar nosso entendimento sobre o Sistema Solar e além? De fato, diz Millard, “é apenas uma coincidência que eles estejam nessa posição de suas órbitas”. E, embora alguns cientistas tenham sugerido que os alinhamentos planetários possam causar impactos na Terra, a base científica para a maioria dessas alegações é fraca ou inexistente. No entanto, em 2019, pesquisadores sugeriram que os alinhamentos planetários poderiam ter um impacto na atividade solar. Uma das principais questões em aberto sobre o Sol é o que impulsiona seu ciclo de 11 anos entre períodos de atividade máxima, conhecidos como máximo solar (no qual estamos atualmente), e períodos de menor atividade, o mínimo solar. Frank Stefani, físico do Helmholtz-Zentrum, centro de pesquisa em Dresden-Rossendorf, na Alemanha, sugeriu que as forças gravitacionais combinadas de Vênus, Terra e Júpiter poderiam ser a resposta. Embora a atração gravitacional de cada planeta sobre o Sol seja extremamente pequena, Stefani diz que, quando dois ou mais planetas se alinham com o Sol — conhecido como uma sizígia —, eles podem se combinar para causar pequenas rotações dentro da estrela, chamadas ondas de Rossby, que podem impulsionar eventos climáticos. “Na Terra, as ondas de Rossby causam ciclones e anticiclones”, diz Stefani. “Temos as mesmas ondas de Rossby no Sol.” Os cálculos de Stefani mostraram que os alinhamentos de Vênus, Terra e Júpiter causariam uma periodicidade de atividade solar de 11,07 anos, quase exatamente igual à duração dos ciclos solares que observamos. Nem todos estão tão convencidos da ideia, com alguns observando que a atividade solar já pode ser explicada apenas por processos dentro do próprio Sol. “A evidência observacional sugere que não acontece de os planetas terem efeito diretamente no ciclo solar”, diz Robert Cameron, cientista solar do Instituto Max Planck de Pesquisa do Sistema Solar, na Alemanha, que publicou um artigo sobre o assunto em 2022. “Não há evidência de qualquer sincronização.” Mas há outras peculiaridades bem menos controversas dos alinhamentos planetários que certamente têm impacto sobre nós: sua utilidade para observações científicas, particularmente em termos de exploração do Sistema Solar. Chegar aos planetas externos com uma espaçonave é difícil porque esses mundos estão tão distantes que seriam necessárias décadas para serem alcançados. No entanto, usar a atração gravitacional de um planeta bem posicionado, como Júpiter, para impulsionar uma espaçonave para fora pode reduzir drasticamente o tempo de viagem, algo que nenhuma espaçonave fez melhor do que os veículos Voyager da Nasa. Em 1966, um cientista da Nasa chamado Gary Flandro calculou que haveria um alinhamento dos quatro planetas mais distantes — Júpiter, Saturno, Urano e Netuno — em 1977, o que permitiria visitar todos os quatro em um intervalo de apenas 12 anos, em comparação com 30 anos se eles não estivessem alinhados. Esse alinhamento fortuito, que ocorre apenas uma vez a cada 175 anos, levou a Nasa a lançar as espaçonaves gêmeas Voyager 1 e 2 em 1977 em uma “grande turnê” do Sistema Solar exterior. A Voyager 1 passou por Júpiter em 1979 e por Saturno em 1980, evitando Urano e Netuno porque os cientistas queriam passar por Titã, a fascinante lua de Saturno, e não podiam fazer isso sem arruinar o efeito de impulso. Mas a Voyager 2 usou o alinhamento para visitar todos os quatro planetas, tornando-se a única espaçonave da história a visitar Urano e Netuno, em 1986 e 1989, respectivamente. “Isso funcionou maravilhosamente”, diz Fran Bagenal, astrofísica da Universidade do Colorado em Boulder, nos EUA, e membro da equipe científica da Voyager. “Se a Voyager 2 tivesse partido em 1980, teria levado

O que esperar da inteligência artificial em 2025

Fonte: BBC Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 04/01/2025 A inteligência artificial está marcando um momento definidor na história da tecnologia — e o ano de 2025 trará ainda mais surpresas. Não é fácil fazer uma previsão do que esperar, mas é possível destacar tendências e desafios que definem o futuro imediato da IA para o próximo ano. Entre eles, o desafio dos chamados “médico centauro” ou “professor centauro”, fundamental para quem está desenvolvendo inteligência artificial. A explosão da ciência baseada em IA A IA virou uma ferramenta fundamental para se enfrentar grandes desafios científicos. Áreas como saúde, astronomia e exploração espacial, neurociência ou mudanças climáticas, entre outras, vão se beneficiar ainda mais no futuro. O programa AlphaFold — desenvolvido pelo grupo Alphabet, do Google, e que ganhou o Prêmio Nobel em 2024 — determinou a estrutura tridimensional de 200 milhões de proteínas, praticamente todas as conhecidas. Seu desenvolvimento representa um avanço significativo na Biologia Molecular e na Medicina. Isso facilita a concepção de novos medicamentos e tratamentos. Em 2025, isso começará a acontecer — e com acesso gratuito ao AlphaFold para quem for desenvolver remédios e tratamentos. Já a rede ClimateNet utiliza redes neurais artificiais para realizar análises espaciais e temporais precisas de grandes volumes de dados climáticos, essenciais para compreender e mitigar o aquecimento global. A utilização do ClimateNet será essencial em 2025 para prever eventos climáticos extremos com maior precisão. Diagnósticos médicos e decisões jurídicas: o papel da IA A justiça e a Medicina são considerados campos de alto risco. Neles é mais urgente do que em qualquer outra área estabelecer sistemas para que os humanos tenham sempre a decisão final. Os especialistas em IA trabalham para garantir a confiança dos usuários, para que o sistema seja transparente, que proteja as pessoas e que os humanos estejam no centro das decisões. Aqui entra em jogo o desafio do “doutor centauro”. Centauros são modelos híbridos de algoritmo que combinam análise formal de máquina e intuição humana. Um “médico centauro + um sistema de IA” melhora as decisões que os humanos tomam por conta própria e que os sistemas de IA tomam por conta própria. O médico sempre será quem aperta o botão final; e o juiz quem determina se uma sentença é justa. A IA que tomará decisões no nosso lugar Agentes autônomos de IA baseados em modelos de linguagem são a meta para 2025 de grandes empresas de tecnologia como OpenAI (ChatGPT), Meta (LLaMA), Google (Gemini) ou Anthropic (Claude). Até agora, estes sistemas de IA fazem recomendações. Em 2025, no entanto, espera-se que eles tomem decisões por nós. Os agentes de IA realizarão ações personalizadas e precisas em tarefas que não sejam de alto risco, sempre ajustadas às necessidades e preferências do usuário. Por exemplo: comprar uma passagem de ônibus, atualizar a agenda, recomendar uma compra específica e executá-la. Eles também poderão responder nosso e-mail — tarefa que nos toma muito tempo diariamente. Nessa linha, a OpenAI lançou o AgentGPT, e o Google lançou o Gemini 2.0. Essas plataformas podem ser usadas para o desenvolvimento de agentes autônomos de IA. Por sua vez, a Anthropic propõe duas versões atualizadas de seu modelo de linguagem Claude: Haiku e Sonnet. O uso do nosso computador pela IA O programa Sonnet consegue usar um computador do mesmo jeito que uma pessoa. Isso significa que ele consegue mover o cursor, clicar em botões, digitar texto e navegar por telas. Ele também permite funcionalidade para automatizar a área de trabalho. Ele permite que os usuários concedam a Claude acesso e controle sobre certos aspectos de seus computadores pessoais. Esta capacidade apelidada de “uso do computador” poderá revolucionar a forma como automatizamos e gerimos as nossas tarefas diárias. No comércio eletrônico, agentes autônomos de IA poderão fazer uma compra no lugar do usuário. Eles prestarão assessoria na tomada de decisões de negócios, gerenciarão estoques automaticamente, trabalharão com fornecedores de todos os tipos, inclusive logísticos, para otimizar o processo de reabastecimento, atualizarão o status de envio até a geração de faturas, etc. No setor educacional, eles poderão customizar os planos de estudos dos alunos. Eles identificarão áreas para melhoria e sugerirão recursos de aprendizagem apropriados. Caminharemos em direção ao conceito de “professor centauro”, auxiliado por agentes de IA na educação. O botão ‘aprovar’ A noção de agentes autônomos levanta questões profundas sobre o conceito de “autonomia humana e controle humano”. O que significa realmente “autonomia”? Esses agentes de IA criarão a necessidade de pré-aprovação. Quais decisões permitiremos que estas entidades tomem sem a nossa aprovação direta (sem controle humano)? Enfrentamos um dilema crucial: saber quando é melhor ser “automático” na utilização de agentes autônomos de IA e quando é necessário tomar a decisão, ou seja, recorrer ao “controle humano” ou à “interação humano-IA”. O conceito de pré-aprovação vai ganhar grande relevância na utilização de agentes autônomos de IA. O pequeno ChatGPT no celular 2025 será o ano da expansão dos modelos de linguagem pequena e aberta (SLM). São modelos de linguagem que futuramente poderão ser instalados num dispositivo móvel, permitindo controlar o nosso telefone por voz de uma forma muito mais pessoal e inteligente do que com assistentes como a Siri. SLMs são compactos e mais eficientes, não requerem servidores massivos para serem usados. Estas são soluções de código aberto que podem ser treinadas para cenários específicos. Eles podem respeitar mais a privacidade do usuário e são perfeitos para uso em computadores e celulares de baixo custo. Eles têm potencial para adoção no nível empresarial. Isto será viável porque os SLMs terão um custo menor, mais transparência e, potencialmente, maior transparência e controle. Os SLMs permitirão integrar aplicações de recomendações médicas, de educação, de tradução automática, de resumo de textos ou de correção ortográfica e gramatical instantânea. Tudo isso em pequenos dispositivos sem a necessidade de conexão com a internet. Entre as suas importantes vantagens sociais, eles podem facilitar a utilização de modelos linguísticos na educação em áreas desfavorecidas. E podem melhorar o acesso a diagnósticos e recomendações com modelos de SLM de saúde especializados em áreas com recursos limitados. O

A radical teoria pós-quântica, que tenta responder o que Einstein não conseguiu

Fonte: BBC Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet | Data: 21/12/2024 “Uma nova moda surgiu na Física“, queixou-se Albert Einstein no início da década de 1930. Essa “moda” era nada menos que a física ou a mecânica quântica. A sua mera existência colocou em perigo a teoria da relatividade geral, a maior criação de Einstein, publicada em 1915. “Se isso tudo for verdade, então significa o fim da Física”, chegou a dizer o famoso cientista. O ponto aqui é que a física quântica e a relatividade geral são incompatíveis. Quase 100 anos se passaram e nenhuma das duas teorias cancelou a outra. Na verdade, ambas formam os pilares de todos os avanços da Física moderna. A física quântica provou repetidamente ser a melhor explicação do comportamento das menores partículas do universo, como elétrons, glúons e quarks que constituem os átomos. Por sua vez, a relatividade geral, que é a moderna teoria da gravidade, provou ser a melhor descrição de tudo o que acontece em grande escala, desde o funcionamento do Sistema Solar e dos buracos negros até a origem do universo. No entanto, elas permanecem contraditórias entre si. Ou seja, as regras da relatividade geral funcionam perfeitamente para as galáxias, bem como para tudo o que nos rodeia e é visível: uma árvore, um gato, uma pérola… Porém, assim que analisamos o comportamento de algo tão pequeno como um átomo, tudo muda. Os pesquisadores não conseguem nem usar a mesma Matemática para explicar uma teoria e outra. De alguma forma, a natureza consegue fazer com que os dois sistemas coexistam — mas a Ciência ainda não fez o mesmo. Para muitos, esta incompatibilidade é a maior questão sem resposta da Física. Einstein e milhares de outros pesquisadores em todo o mundo procuraram criar uma teoria que unisse a física quântica e a relatividade geral. É o que muitos chamam de “teoria de tudo”, um nome tão atraente que virou título do premiado filme biográfico de Stephen Hawking, um dos renomados cientistas que tentaram — também sem sucesso — encontrar o “Santo Graal” da Física. Agora, uma nova teoria propõe uma virada radical nesta charada secular. Seu nome, porém, é menos mercadológico: ela é chamada de teoria pós-quântica da gravidade clássica e é liderada pelo físico Jonathan Oppenheim, do Instituto de Ciência e Tecnologia Quântica da Universidade College London (UCL), no Reino Unido. Trata-se de algo tão revolucionário que mesmo alguns dos seus detratores reconhecem que essa é a primeira abordagem verdadeiramente original a surgir em pelo menos uma década. A quarta força fundamental Embora possa parecer contraditório, um dos aspectos mais inovadores da teoria de Oppenheim é o termo “clássico” em seu nome. Até agora, a abordagem predominante para resolver a incompatibilidade entre a física quântica e a relatividade geral envolve modificar o último sistema para ajustá-lo ao primeiro. É o que os físicos chamam de “quantização”, porque no final ela se converte numa teoria quântica. “Quantizar” a relatividade geral faz ainda mais sentido se pensarmos que é algo que os cientistas já conseguiram fazer com as outras três forças fundamentais que governam o universo: a força nuclear fraca, a força nuclear forte e a força eletromagnética. Mas eles simplesmente não conseguiram fazer o mesmo com a gravidade — e não foi por falta de tentativa. “É um problema matemático muito difícil”, contextualiza Oppenheim à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC. “Mas também é conceitualmente complicado, porque essas duas teorias têm diferenças tão fundamentais que é muito difícil conciliá-las.” Ele explica: “Quase todas as tentativas assumiram que devemos ‘quantizar’ a gravidade. A minha sensação sobre a razão pela qual essa tarefa tem sido tão difícil é que talvez não seja possível e que apontamos para a coisa errada.” Por isso, o pesquisador e a equipe dele decidiram mudar o foco e “modificar um pouco, ou muito, a teoria quântica, para que esses dois sistemas possam se encaixar”. Na nova teoria, publicada em dezembro de 2023 nas revistas Nature Communications e Physical Review X, a relatividade geral continua a ser uma teoria não quântica, ou clássica. A física Sabine Hossenfelder, do Centro de Filosofia Matemática de Munique, na Alemanha, que não fez parte da pesquisa da UCL, diz à BBC News Mundo que a ideia de Oppenheim “é muito legal”. “É muito raro neste campo ver nascer uma nova ideia”, observa a especialista. Hossenfelder fez parte de um comitê que revisou a teoria há seis anos e, embora a achasse interessante, considerou que ela era “muito especulativa, imatura e vaga”. “Tinha tantas pontas soltas que parecia que poderia falhar completamente, por isso fiquei muito impressionada quando vi o que saiu vários anos depois, porque abordava quase todos esses pontos levantados”, diz ela, que esclarece com um sorriso “sempre ter algo a comentar e a observar”. Dois conceitos básicos e um ‘inaceitável’ Antes de seguir a explicação sobre a teoria de Oppenheim, é importante compreender o conceito básico da relatividade geral e uma das características da física quântica que mais perturbou Einstein. O que Einstein fez para revolucionar a Ciência em 1915 foi definir a gravidade como “uma deformação do espaço-tempo”. A maneira mais fácil de compreender esse conceito é pensar em um trampolim onde colocamos uma bola pesada — por exemplo, uma bola de bilhar. Quando uma coisa dessas acontece, o tecido afunda no local onde a bola está. Agora, imagine jogar nesse mesmo trampolim uma bola mais leve (uma bola de gude), e tentar fazê-la girar na borda da curvatura do tecido relacionada ao peso da bola mais pesada. O que acontece é que a bola de gude vai se mover em círculos cada vez menores, aproximando-se da bola de bilhar. Segundo a teoria da relatividade geral, isso não acontece porque a bola de bilhar exerce sobre a bola de gude uma força de atração invisível, mas porque o formato do tecido — ou melhor, a sua deformação — a obriga a fazer essa curvatura. Na teoria de Einstein, o espaço-tempo faz a mesma coisa de forma quadridimensional — de modo que a Terra gire em torno do Sol, por exemplo. Oppenheim explica que,

Com pássaro-robô que salta e voa, cientistas querem desenvolver drone do futuro

Fonte: G1 | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/ G1 Data: 04/12/2024 Por Roberto Peixoto, g1 Cientistas anunciaram nesta quarta-feira (4) um avanço inovador no campo da robótica com o desenvolvimento do RAVEN, um robô inspirado em aves que pode caminhar, saltar e até voar, de maneira autônoma, sem depender de pistas de decolagem. Publicado na revista científica “Nature”, o estudo promete ampliar as possibilidades de utilização dos chamados veículos aéreos não tripulados (VANTs), especialmente em terrenos mais difíceis para socorro em desastres, como áreas de difícil acesso ou regiões remotas e com obstáculos. Fora isso, a pesquisa também pode ser aplicada na saúde, como no desenvolvimento de próteses e dispositivos de mobilidade (entenda mais abaixo). Isso porque o simpático pássaro-robô foi criado para imitar os movimentos de aves, mais especificamente as pernas e os movimentos de decolagem dos pássaros, como corvos e gralhas, que são conhecidos por alternar entre andar e voar com facilidade. E esse design inovador permite que o RAVEN (acrônimo em inglês para Veículo Robótico Inspirado em Aves para Múltiplos Ambientes, em tradução livre) decole saltando, o que aumenta significativamente sua eficiência em relação a outros drones que não possuem essa capacidade (veja VÍDEO acima). “Ao observar as aves, percebi que sua estratégia de decolagem é bastante diferente dos métodos de decolagem das plataformas de engenharia, embora os aviões tenham sido inventados com inspiração nas aves”, conta ao g1 Won Dong Shin, autor do estudo e doutorando do Laboratório de Sistemas Inteligentes (LIS) da Escola de Engenharia da Escola Politécnica Federal de Lausana, na Suíça. “Aviões convencionais precisam de uma pista longa e livre de obstáculos ou um lançador para decolar, enquanto as aves podem decolar de qualquer lugar, sem qualquer ajuda externa”, completa. Shin diz que essa habilidade das aves, que lhes permite transitar facilmente entre os modos terrestre e aéreo, é um fator-chave para que elas consigam alcançar lugares mais distantes. E isso o intrigou tanto que ele quis conectar essa ideia ao desenvolvimento de robôs aéreos. Ao usar esse salto para impulsionar sua decolagem, o RAVEN economiza energia e atinge uma velocidade inicial de voo mais alta, o que facilita sua ação em áreas mais complexas. Com isso, os cientistas do LIS esperam que o pássaro-robô ossa expandir as capacidades atuais dos drones, permitindo que eles operem em ambientes mais desafiadores e complexos. Isto é, por causa dessa sua versatilidade, o robô pode ser especialmente útil em missões de resgate, inspeção em áreas de difícil acesso e monitoramento de regiões com terrenos irregulares, onde drones tradicionais não têm a mesma eficiência. “Traduzir as pernas e os pés das aves para um sistema robótico leve nos apresentou desafios de design, integração e controle que as aves resolveram de maneira elegante ao longo da sua evolução”, explica Dario Floreano, que também participou do estudo e é diretor do EPFL. Os cientistas do LIS desenvolveram o RAVEN com um sistema de pernas multifuncionais que imitam os movimentos naturais dos pássaros. Essas pernas possuem articulações que se assemelham às de um quadril, tornozelo e pé de uma ave, embora de forma mais simplificada (veja INFOGRÁFICO abaixo). A estrutura das pernas permite ao robô não só caminhar como também saltar obstáculos e até decolar saltando, algo que drones tradicionais não conseguem fazer. “Isso nos levou não apenas a criar o drone com asas mais multimodal até hoje, mas também a esclarecer a eficiência energética do salto para decolagem, tanto em aves quanto em drones”, acrescenta. Embora o design ainda precise de melhorias, especialmente no que diz respeito à otimização da eficiência dessas pernas e à capacidade de aterrissar em terrenos variados, os primeiros resultados são promissores. Shin explica ainda que a criação de um robô com múltiplos modos de locomoção – que caminha, salta e voa – foi um grande desafio. Isso porque, em sistemas mecânicos, quanto mais modos de movimento são integrados, maior a complexidade e o peso do robô, o que pode prejudicar seu desempenho. No entanto, ele chama atenção para o fato de que sua equipe conseguiu superar esse obstáculo criando um design mais leve e eficiente, com pernas que imitam os movimentos das aves sem serem excessivamente complexas. Imagine uma missão que exija decolagens e aterrissagens repetidas, onde o robô também precise navegar por áreas inacessíveis ao voo. Plataformas que utilizam métodos convencionais de decolagem não seriam adequadas em tais cenários, pois dependem de infraestrutura designada para decolagem e aterrissagem. No entanto, métodos convencionais de decolagem ainda podem ser mais eficientes em termos de energia do que a decolagem por salto. — Won Dong Shin, autor do estudo e doutorando do Laboratório de Sistemas Inteligentes (LIS) da Escola de Engenharia da Escola Politécnica Federal de Lausana, na Suíça. Por isso, o pesquisador acredita que esse princípio da “rigidez variável” (o ajuste da flexibilidade) das pernas das aves, que ele estudou no RAVEN, pode ser aplicado em áreas como a saúde, especialmente no design de próteses e dispositivos de mobilidade. “A rigidez variável é uma área importante de pesquisa em campos como a robótica médica, robôs vestíveis e outros. Muitos pesquisadores já estão trabalhando no avanço de técnicas de rigidez variável para serem usadas em saúde, design de próteses e dispositivos de mobilidade”, ressalta. O pássaro-robô RAVEN estacionado. — Foto: © 2024 EPFL/Alain Herzog with CC-BY-SA 4.0 license. Mas tudo isso é um grande primeiro passo – ou primeiro salto -, pois ainda há um longo caminho pela frente. A equipe da EPFL, agora, está focada em aprimorar o controle das pernas e a capacidade de aterrissagem do RAVEN. Fora isso, eles também estão explorando novas formas de aplicar esse tipo de tecnologia em áreas como inspeção de estruturas, entrega de pacotes em regiões remotas e intervenções em zonas de desastre, onde drones tradicionais não conseguem alcançar. “Esses resultados representam apenas o primeiro passo para uma compreensão mais profunda dos princípios de design e controle dos animais voadores multimodais, e sua tradução para drones ágeis e energeticamente eficientes”, acrescenta Floreano.

Céu de dezembro contará com duas chuvas de meteoros; saiba mais

Fonte: CNN Brasil | Seção: Notícias | Imagem: Reprodução Internet/CNN Data: 01/12/2024 Veja principais fenômenos do mês, segundo guia de efemérides astronômicas do Observatório do Valongo, da UFRJ Fernanda Pinottida CNN Para encerrar o ano, o mês de dezembro contará com duas chuvas de meteoros, além de diversas conjunções celestes no céu noturno. No dia 6, a chuva de meteoros Pupidas-Velidas atinge máxima atividade e poderá ser observada do Brasil inteiro – a depender das condições meteorológicas – a partir das 21h, na direção sudeste do céu noturno. Já a chuva de meteoros Gemínidas atinge seu pico em 14 de dezembro, ficando visível durante a madrugada na direção nordeste do céu noturno. Além disso, também estarão visíveis ao longo do mês diversas conjunções celestes, que ocorrem quando dois ou mais corpos celestes aparecem bem próximos no céu — uma ilusão de ótica, já que eles seguem separados por milhares de quilômetros no espaço. Geralmente as conjunções são observáveis a olho nu, e costumam render belas fotos astronômicas. Veja abaixo os principais fenômenos astronômicos do mês de dezembro, de acordo com o guia de efemérides astronômicas do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O guia de efemérides astronômicas é produzido desde 2016 pelo Observatório do Valongo, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e traz os principais fenômenos que podem ser vistos no céu noturno a cada ano. Com o objetivo de resgatar o interesse pela contemplação celeste, o material lista mês a mês quais corpos celestes estarão visíveis e qual a melhor forma de procurá-los. Além de trazer explicações simples sobre astronomia. O guia completo, com mapas do céu, pode ser baixado gratuitamente aqui. Confira aqui aplicativos de astronomia para ajudar a localizar e acompanhar os fenômenos astronômicos no céu noturno.