WILLIAMS Francisco da Silva
Presidente da AAPBB
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2019.
“Não combater homens nem nomes, mas os ideais e os princípios, e combatê-los com ideais, princípios e exemplos maiores.”
“Há fogo que queima a comida e a transforma em cinzas, há fogo que cozinha o alimento e o torna comida que dá vida.” Provérbios turco-otomanos.
Desta vez venho até você, caro leitor, para trazer reflexões me aproveitando da conhecida frase que os viageiros aéreos invariavelmente escutam, antes de que sejam iniciadas as decolagens dos aviões, rumo aos seus destinos.
A frase diz, palavras mais, palavras menos, o seguinte: “Atenção Senhores Passageiros, (…), em caso de emergência máscaras cairão automaticamente à sua frente. Puxe-as, coloque-as sobre o nariz e a boca, e só depois auxiliem outros passageiros em dificuldades”.
Os mais apressados poderão dizer, mas que determinação mais egoísta, tão individualista, desumana, não solidária etc. Mas não é nada disso ao meu ver, pois, na verdade, o procedimento visa salvar vidas, pois ninguém pode ajudar aos outros se não conseguir respirar, ou se vier a perder a consciência por falta de oxigênio, o que se dá muito rapidamente lá nas alturas, especialmente em casos de rápida despressurização, que geralmente ocorrem quando indesejáveis panes ou acidentes aéreos acontecem.
Mas, você deve estar se preguntando: o que esse cara tá querendo, ocupando o nosso tempo com procedimentos aéreos?
Ah, tenho um bom motivo. Quero fazer um paralelo disso com a situação ora vivenciada pela nossa indispensável e querida CASSI, que veio gradualmente sofrendo sucessivas despressurizações, anos a fio, até chegar à situação atual em que as máscaras de emergência já ficaram expostas diante de nossas caras.
“N” são os motivos, já divulgados em redes massivas de comunicação, especialmente nas ditas sociais, sobre as possíveis causas para o estado de coisas que hoje é percebido, na CASSI.
Alguns dizem que o problema é de gestão, outros da estrutura organizacional, de não decisão, de falta de profissionalização dos quadros (em especial diretivos), da péssima plataforma tecnológica, de benefícios exagerados para alguns (…). Há, inclusive, aqueles que dizem que o problema poderia ser decorrente de questões ainda mais graves, tais como fraudes ou contabilidade criativa. Porém, é preciso provar.
Fui principal gestor de unidades e auditor por 10 anos, nove deles no exterior, e por isso não ouso afirmar qual é a causa de tudo isso, sem que exista uma profunda, competente, independente e profissional apuração de todos os fatos, dentro de critérios de impessoalidade, rigor metodológico e técnico, e amplo direito ao contraditório, para que a verdade, nua e crua, possa aparecer.
Não ouso afirmar qual a causa para o sombrio cenário ora vivido, mesmo porque entendo que não terá havido somente uma (mas um mix delas). Mas afirmo, sem medo de errar que, assim como a governança/gestão o são, a responsabilidade pelos fatos, pelas causas e pelos danos também é solidária e compartilhada entre indicados pelo Patrão BB e por aqueles Eleitos pela massa de Associados. Portanto, há muita roça para capinar, antes que a colheita possa ser feita. Não obstante, a verdade precisa vir à tona, e virá!
Mas, voltando às máscaras, nelas incluídas as sociais, estamos vivenciando justamente um momento em que custosa escolha terá que ser feita, não sem dor, se nova consulta ao Corpo Social vier, trazendo propostas para definir novo plano de custeio emergencial para a CASSI, aspecto este que parece estar pacificado entre a maioria dos associados votantes.
“A porca torce o rabo” é em relação aos possíveis penduricalhos que poderão vir acoplados ao tal plano de custeio, os quais continuam sendo de difícil deglutição para grande parte dos que terão que decidir os destinos da CASSI, pelo voto. Não fosse a teimosia a respeito disso, as questões angustiantes sobre solvência, liquidez e sustentabilidade da CASSI seriam resolvidas sem maiores percalços.
Mas, por racionalidade, creio ser precoce rechaçar ou invalidar, a priori, o processo de rediscussões já em curso e a pauta que deverá ser proposta para debate, e votação. Neste momento, ainda nos faltam elementos para que essa análise seja íntegra, técnica, prudente. É preciso juntar o “pacotão”, ver, ler, analisar, interpretar, sob os pontos de vista jurídicos e financeiros, o que as propostas poderão nos deixar de legado, não apenas individualmente, mas para nossas famílias.
Porém, faz-se inevitável para nós já antever que as máscaras de emergência estão caídas frente às nossas faces, e cada um de nós terá que tomar decisão pessoal sobre o que fazer com elas. Se vamos colocá-las primeiro nos próprios narizes ou bocas, ou se correremos primeiro para salvar a outrem, talvez em detrimento da própria vida, só cada um poderá decidir.
O que parece claro é que teremos que tomar essa decisão segundo nossas próprias convicções, nossas crenças, nosso conhecimento, nossa história pregressa, nossas expectativas e nossos anseios. Entretanto, para isso não se faz necessário abater com ofensas, difamações, pechas ou coisas tais, aqueles e aquelas que pensam diferente da gente. Ao contrário, talvez esse seja o momento certo para buscarmos aprender com os divergentes, de modo a fortalecer nossas próprias decisões e bem sustentar nossos contrapontos. No futuro, inevitavelmente precisaremos uns dos outros, para seguir buscando soerguer a CASSI.
O avião está caindo, o piloto ANS já está em procedimento de aterrissagem apressada e urgente, a torre de controle da governança está em estado de alerta e expectante, os comissários de bordo já nos olham com aflição. Mas, nós, passageiros dessa vital nave chamada CASSI, temos a mais dura responsabilidade, pois teremos que tomar decisões para salvar as nossas vidas e as de nossos parceiros de dificuldades.
Todavia, mesmo nessa agonia, nessa angustia, nesse padecimento prolongado, é preciso que se saiba que a companhia aérea, a contratante, já chamou todos os seus advogados, contadores, peritos, consultores, formadores de opinião, enfim, todo o seu exército disponível, para buscar reduzir o valor das indenizações que terão que ser pagas pelas nossas vidas, sempre sacrificadas em prol da Organização, mas que neste momento se tornou um problema financeiro para o “deus” mercado, e para os sócios do empreendimento (especialmente o majoritário), que parecem não pretender bancar a conta que lhes concerne, e tudo farão para evitar isso.
Não é nada fácil o contexto ora vivido. Contudo, em tal momento, devemos clamar por sabedoria e lucidez. Refletir é preciso! Estudar é indispensável! Preparar-se é urgente! Prevenir é sempre o melhor remédio para a nossa saúde, e talvez o mais importante deles seja a União Pelas Ideias entre parceiros de caminhada, de colegas que um dia fomos, e continuaremos sendo. Queiramos ou não, nossos destinos estão umbilicalmente vinculados.
A AAPBB está atenta! Que se faça a luz!!!