Os dois grupos de credores internacionais de títulos da Oi – o G6, com R$ 2,4 bilhões em dívidas da tele e ligado ao acionista minoritário Nelson Tanure, e o organizado pelos assessores G5 Evercore e Moelis & Company, com R$ 22 bilhões em créditos contra a empresa – estão tentando avançar com suas propostas de acordo para um plano de recuperação até a assembleia de 7 de dezembro, segundo apurou o Valor. Ambos gostariam de garantir um acordo rápido.
O G6 quer evitar o avanço do grupo maior e tem se apoiado nas medidas de Tanure, como acionista, para criar dificuldades.
Já os credores de G5 e Moelis tentam buscar um acordo antes que a gestão executiva da Oi seja toda assumida por Tanure, após a indicação de dois diretores estatutários – os conselheiros Hélio Costa e João Vicente.
Mas qualquer acordo com o grupo de G5 e Moelis enfrenta limitações práticas. A despeito de as conversas entre os credores que representam, a Oi e os bancos públicos e privados estarem sendo realizadas assiduamente – de segunda à quarta, nesta semana -, a diretoria da companhia tem limitações sobre o que pode fazer.
A diretoria da Oi, diante do impasse com Tanure, que tem maioria do conselho de administração da tele, não consegue assinar um acordo definitivo com os credores da G5 e da Moelis porque não tem como garantir sua execução.
A implementação do plano de recuperação, em especial na parte que diz respeito às dívidas das notas e bônus emitidos fora do Brasil, passa por uma grande emissão de ações em qualquer um dos acordos – tanto para conversão de dívida, como para injeção de dinheiro novo na tele.
Mas, no caso do G5 e Moelis, a diretoria não consegue garantir essa parte do acordo, pois depende do conselho de administração e da assembleia de acionistas para aprovar um aumento de capital.
O juiz da 7 Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Fernando Viana, ainda não decidiu a respeito da petição, feita na semana passada, que pediu a anulação da indicação de Hélio Costa e João Vicente como diretores estatutários da Oi e também a suspensão do voto de sete membros do conselho ligados a Tanure nas questões ligadas à recuperação judicial, solicitada pelos credores do G5 e Moelis. Tanure possui ascendência sobre 8 dos 11 membros do colegiado.
Segundo apurou o Valor, o grupo de credores da G5 e Moelis evoluiu sobre o modelo de um acordo. Os debates mais recentes estavam centrados na fatia do capital da tele que teriam ao fim do processo. Nesta semana, houve conversas que incluíram, na mesma mesa, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Itaú. Representantes da Oi participaram de algumas, mas não todas, conforme fonte a par do assunto. Na companhia, contudo, o clima é de espera.
Sem uma decisão do juiz sobre a petição dos credores, a diretoria da Oi está de mãos atadas quanto a qualquer avanço em compromisso com o maior grupo de credores. Enquanto isso, Costa e Vicente, agora diretores, assumiram a negociação com o G6.
As propostas dos dois grupos têm grande diferença, em especial, sobre a capitalização. Em dinheiro novo, o G6 oferece R$ 3,5 bilhões. Porém, pode receber como remuneração antecipada mais de R$ 1 bilhão da tele – o que torna o valor líquido muito inferior. Além disso, devido às condicionantes, a capitalização pode nunca ocorrer e, mesmo assim, ser remunerada.
No caso do G5 e Moelis, a capitalização é de R$ 4 bilhões. O valor chega após homologação do plano, descontado da remuneração de R$ 320 milhões.
FONTE: Valor Econômico – SP