O Banco do Brasil, que em fevereiro iniciou testes para que seus clientes possam realizar algumas operações pelo Messenger, aplicativo de mensagens do Facebook, vai estender sua presença para outras redes sociais. “Anunciaremos em breve a ampliação desse tipo de atendimento para mais uma ou duas redes sociais e já estamos estudando a entrada em outras seis”, diz Gustavo Fosse, diretor de TI do Banco do Brasil.
As novas ferramentas, segundo ele, usam tecnologia de inteligência artificial. “Antigamente, as pessoas precisavam sair de casa para ir ao banco. Agora, estamos dando um passo além, que é levar o banco para o ambiente em que a pessoa estiver”, diz Fosse.
Ele exemplifica: se o cliente estiver navegando pelo Facebook e lembrar que precisa tirar um extrato ou desbloquear um cartão, ele não precisa entrar em nenhum aplicativo e nem mesmo acessar a página do banco. “Na própria caixa de mensagens do usuário ele encontra uma área de atendimento do banco. Ali, ele acessa e vai para uma webview segura, onde pode conversar com um atendente virtual e tirar dúvidas. Também consegue fazer algumas operações”, explica Fosse.
Além disso, os dados do cliente não ficam gravados na base de dados do Facebook, o que foi um cuidado importante tomado durante o desenvolvimento do serviço. Segundo ele, cerca de dois mil correntistas do BB já estão usando a ferramenta e paulatinamente esse número será ampliado até atingir toda a base de clientes. “A tecnologia já é parruda o suficiente para abranger todos os correntistas.”
A inovação do BB é um exemplo de como os bancos tradicionais estão se movimentando na era digital. Segundo o estudo Banking Expert Survey, realizado pela multinacional alemã GFT, o Brasil é um dos países (ao lado da Espanha, EUA, Suíça, Alemanha e Reino Unido) onde todos os grandes bancos já adotaram estratégias digitais. O estudo mostra ainda que 94% dos entrevistados de grandes instituições bancárias, especialmente no Brasil, Reino Unido e México, reconhecem a importância de soluções baseadas em inteligência artificial.
Segundo Fosse, as inovações do BB vêm em grande parte dos dois laboratórios de tecnologia que a instituição mantém. Um deles funciona dentro da aceleradora de startups Plug and Play, no Vale do Silício, na Califórnia, e o outro, em Brasília. “A cada três meses duas equipes do banco vão para o Vale do Silício. Selecionamos o tema e o grupo vai para lá e fica imerso nesse ambiente que respira inovação e onde se testam as tecnologias que estão na fronteira do conhecimento”.
Na volta, o grupo traz um projeto que, se aprovado por uma das diretorias do banco, vai para a fase de desenvolvimento. “Devemos abrir em breve um novo laboratório de TI para dar suporte a esses dois laboratórios e com isso conferir mais agilidade no desenvolvimento das soluções de negócios”, diz Fosse. Está em estudo ainda a instalação de um laboratório em São Paulo.
O Santander também tem investido em soluções digitais. Desde novembro o banco disponibiliza dois dispositivos de pagamento por aproximação para os clientes que possuem cartões da bandeira Mastercard. Eles podem adquirir uma pulseira ou um adesivo – que pode ser colado, por exemplo, no celular ou em outro objeto de uso diário – que possuem a chamada tecnologia NFC (Near Field Communication). Com isso, basta aproximar a pulseira ou o adesivo das máquinas de cartão (POS) para fazer compras nas modalidades de débito ou crédito, sem necessitar do plástico.
Em algumas localidades, como em Jundaí, no interior de São Paulo, os dispositivos podem ser usados também para pagar pelo transporte público. “Outra funcionalidade é pagar o pedágio, o que é uma solução bastante prática e conveniente para quem viaja de moto. Programamos um passeio no Rio de Janeiro com motociclistas, para eles experimentarem essa nova funcionalidade e para difundir a novidade”, relata Frederico Trevisan, superintendente de produtos cartões do Santander. Ele afirma que as novas formas de pagamento dão os mesmos benefícios em pontos aos clientes que o uso do cartão tradicional, o que tem estimulado a aceitação da tecnologia de aproximação.
Para Gustavo Fosse, transformar instituições tradicionais como o BB em banco digital é um grande desafio. Isso só se torna possível, segundo ele, quando a diretoria abraça de fato a causa. E quando aceita dar autonomia para os analistas e aumentar a velocidade na tomada de decisões. “Como dizia Peter Drucker, a cultura de uma empresa pode devorar qualquer estratégia no café da manhã. Se não mudamos a cultura, a boa estratégia vai por água abaixo.”
Fonte: VALOR ECONÔMICO -SP